YELLOW SUBMARINE
“In the town that I was born...”
Ando
pra cima e pra baixo num carro amarelo um tanto desproporcional, às vezes tenho
que despencar para qualquer canto deste estado, nestes momentos pode-se dizer
que algo deu errado e lá vamos nós (um timaço, aço, aço) fazer um esforço (às
vezes sobre-humano) na organização do caos.
Se assim não for, a rotina desta nave amarela
me teletransporta entre duas cidades, onde levo vidas tão diferentes que parece
que sou mais de um.
Não
são só personas, máscaras que usamos
pra viver, e não me acuse de duas caras, pois não sou tão pobre assim: tenho
várias, elas se sobrepõe em camadas sem fim e buscam sustentar um eu profundo.
Outra
marca do ser é o ritmo, e a “the long and
winding road” que passa pelo Rio,
Caxias, Guapimirim, Teresópolis, um tasquinho de Sapucaia e Carmo me mostra com
clareza que há pessoas diferentes em ritmos diferentes, e mesmo passando por perto definitivamente, não
estão no mesmo mundo.
Desço
a serra apreensivo: há sempre uma demanda urgente a minha espera, há instruções
e projetos, alguns tenho a convicção de que vão dar certo, outras vezes enxugo
gelo. Percebo sempre que estamos em profunda mutação e enorme velocidade. Aqui
também, posso ver o moleque que estuda, estuda e pisa fundo em busca do futuro.
Sou
parte de uma história inacabada, não vou mudar tudo o que queria, mas vamos
espalhar sementes e algumas encontrarão calor e abrigo.
Subo
a serra ansioso, e só quando vejo as cinco letras na beira da estrada
desacelero, estou na cidade que adotei (e me adotou). O aconchego de meu amor
me espera, há também a menina que pintou os cabelos de vermelho, e ainda aquela
que tem o espírito de menina (que também adotamos) a cantar alguma canção da
Dalva de Oliveira.
Aqui
o tempo é o meu presente. Aperto a tecla pause, não há outro tecido de espaço e
tempo onde eu queira estar.