domingo, 9 de dezembro de 2012


YELLOW SUBMARINE
“In the town that I was born...”
Ando pra cima e pra baixo num carro amarelo um tanto desproporcional, às vezes tenho que despencar para qualquer canto deste estado, nestes momentos pode-se dizer que algo deu errado e lá vamos nós (um timaço, aço, aço) fazer um esforço (às vezes sobre-humano) na organização do caos.
 Se assim não for, a rotina desta nave amarela me teletransporta entre duas cidades, onde levo vidas tão diferentes que parece que sou mais de um.
Não são só personas, máscaras que usamos pra viver, e não me acuse de duas caras, pois não sou tão pobre assim: tenho várias, elas se sobrepõe em camadas sem fim e buscam sustentar um eu profundo.
Outra marca do ser é o ritmo, e a “the long and winding road”  que passa pelo Rio, Caxias, Guapimirim, Teresópolis, um tasquinho de Sapucaia e Carmo me mostra com clareza que há pessoas diferentes em ritmos diferentes, e  mesmo passando por perto definitivamente, não estão no mesmo mundo.
Desço a serra apreensivo: há sempre uma demanda urgente a minha espera, há instruções e projetos, alguns tenho a convicção de que vão dar certo, outras vezes enxugo gelo. Percebo sempre que estamos em profunda mutação e enorme velocidade. Aqui também, posso ver o moleque que estuda, estuda e pisa fundo em busca do futuro.
Sou parte de uma história inacabada, não vou mudar tudo o que queria, mas vamos espalhar sementes e algumas encontrarão calor e abrigo.
Subo a serra ansioso, e só quando vejo as cinco letras na beira da estrada desacelero, estou na cidade que adotei (e me adotou). O aconchego de meu amor me espera, há também a menina que pintou os cabelos de vermelho, e ainda aquela que tem o espírito de menina (que também adotamos) a cantar alguma canção da Dalva de Oliveira.
Aqui o tempo é o meu presente. Aperto a tecla pause, não há outro tecido de espaço e tempo onde eu queira estar.