sábado, 5 de janeiro de 2013


Quero escrever algo inútil
Inútil e sem nome
Sem nome ou estética
Nem mesmo moral no final.

Inútil como flores e estrelas
Guitarra em agonia
Ou o coração da bateria

Inútil como um pensamento profundo
Alegria da festa
Dores e dores
Do que implora em vão.

Orvalho matutino que beija a flor
Bilhete esquecido na gaveta
E a aula enfadonha
Para o aluno que dorme.

Inútil como o amigo que nunca voltou
E o plano que não se concretizou
Como o gesto gentil
Para alguém cujas as costas, é tudo que se vê.

Poesia sem rima
Canção que não toca mais
E para o estadista estúpido...
O pedido de paz.

Relógio que atrasa
Agenda do ano passado
Jornal de ontem
Churrasco sem brasa.

Indignação de quem cala
E para quem fica: a mala.

Que seja assim minha poesia inútil
Mas que pressione o braço que não sangra
Amenize a ferida escondida
E preencha o vazio
Secando sem saber o porquê
Da lágrima que deixou de rolar.