quarta-feira, 3 de junho de 2015

QUESTÃO DE LÓGICA
- Quanto é a passagem para o Porto?
- A primeira classe é vinte Euros, a segunda classe quinze Euros.
- E qual é a diferença?
- Cinco Euros, ora pois.
Depois deste diálogo Magal, um ENORME amigo, estava pronto a pular no pescoço da atendente do guichê naquele dia chuvoso que emoldurava a bela estação ferroviária de Lisboa.
Não é piada. Nossos queridos irmãos lusitanos têm uma lógica própria, pois desde pequeninos aprendem a responder apenas o que lhes é perguntado. E isso lhes coloca na invejável posição de estabelecer uma relação honesta com quem compreende um fato simples: não somos telepatas.
Já os telepatas por outro lado correm o risco de enormes mal entendidos. Acompanhem o diálogo hipotético de um colega de trabalho que vê outro chegar atrasado:
- Você sabe que horas são?
- Cara, você não tem ideia meu pneu furou em plena Brasil, quase bati!
Mas, se é para fazer um exercício de telepatia, posso até imaginar que o interlocutor só queria acertar o relógio.
O fato é que tais mal entendidos se refletem na construção de questões nas famosas avaliações bimestrais pelo Brasil afora. Aí veremos coisas como:
- Encontre o valor do X.
- Está aqui.
Ou ainda.
- Veja os números abaixo e escreva o seu nome.
- 10 João; 11 João, 12 João, 13 João...
- Como se mede a altura de um arranha céu com o uso de um barômetro?
- Pegue uma corda amarre o barômetro...
Deveria ser engraçado, só que isto me causa arrepios. Textos como “o serumano devia ser mas umano” simplesmente acabam com o meu dia.
A farsa é tamanha que o “finjo que ensino, fingem que me pagam e eles fingem que aprendem” já se tornou lugar quase comum.
E se é para falar de avaliações ainda teríamos que tocar no assunto da nefasta cola.
Outro porém é o fato de que avaliações em geral estabelecem relações de poder, e quando uma escola é contaminada por isto, o ódio entre os envolvidos pode se instalar. Aí é um verdadeiro Deus nos acuda.
É isso, ufa! Não tenho muito mais o que dizer. Espero apenas que meus poderes telepáticos lhe atinjam em cheio e façam compreender que não escrevo para queimar uma classe sofrida, ou mesmo para dizer que a educação é messianicamente a solução para tudo, mas que é um bom começo... Ora se é!