QUESTÃO DE LÓGICA
- Quanto é
a passagem para o Porto?
- A
primeira classe é vinte Euros, a segunda classe quinze Euros.
- E qual é
a diferença?
- Cinco
Euros, ora pois.
Depois
deste diálogo Magal, um ENORME amigo, estava pronto a pular no pescoço da
atendente do guichê naquele dia chuvoso que emoldurava a bela estação ferroviária
de Lisboa.
Não é
piada. Nossos queridos irmãos lusitanos têm uma lógica própria, pois desde
pequeninos aprendem a responder apenas o que lhes é perguntado. E isso lhes
coloca na invejável posição de estabelecer uma relação honesta com quem
compreende um fato simples: não somos telepatas.
Já os
telepatas por outro lado correm o risco de enormes mal entendidos. Acompanhem o
diálogo hipotético de um colega de trabalho que vê outro chegar atrasado:
- Você
sabe que horas são?
- Cara,
você não tem ideia meu pneu furou em plena Brasil, quase bati!
Mas, se é
para fazer um exercício de telepatia, posso até imaginar que o interlocutor só
queria acertar o relógio.
O fato é
que tais mal entendidos se refletem na construção de questões nas famosas
avaliações bimestrais pelo Brasil afora. Aí veremos coisas como:
- Encontre
o valor do X.
- Está
aqui.
Ou ainda.
- Veja os
números abaixo e escreva o seu nome.
- 10 João;
11 João, 12 João, 13 João...
- Como se
mede a altura de um arranha céu com o uso de um barômetro?
- Pegue
uma corda amarre o barômetro...
Deveria
ser engraçado, só que isto me causa arrepios. Textos como “o serumano devia ser mas umano” simplesmente acabam com o meu dia.
A farsa é
tamanha que o “finjo que ensino, fingem
que me pagam e eles fingem que aprendem” já se tornou lugar quase comum.
E se é
para falar de avaliações ainda teríamos que tocar no assunto da nefasta cola.
Outro
porém é o fato de que avaliações em geral estabelecem relações de poder, e
quando uma escola é contaminada por isto, o ódio entre os envolvidos pode se
instalar. Aí é um verdadeiro Deus nos acuda.
É isso, ufa!
Não tenho muito mais o que dizer. Espero apenas que meus poderes telepáticos lhe
atinjam em cheio e façam compreender que não escrevo para queimar uma classe
sofrida, ou mesmo para dizer que a educação é messianicamente a solução para tudo,
mas que é um bom começo... Ora se é!