SEMPRE NO MEU
CORAÇÃO
You are
Always in my heart
when the sky
starts to gray
E assim lá vai mais um texto
que cravaria um zero redondíssimo caso fosse avaliado por uma banca padrão
ENEM. Principalmente no que tange a coesão e coerência, o que é algo
fundamental, pois assim como eu já disse em fios de palavras: “teço um texto
que acontece, e no instante em que o faço em suas linhas me embaraço”. Até
porque a tal da coerência está perdida em um neurônio meu que é super
preguiçoso e a coesão depende da sua paciência em suprir as lacunas nascidas de
minhas inconsistências... mesmo assim lá vai.
Quando corro tento me distrair
com qualquer pensamento maluco que quica na minha cabeça. Hoje eu estava cantando uma história que envolveu dois personagens
muito amados: minha mãe que era a alquimia de uma quase ausência de formação
acadêmica combinada com uma inteligência ágil e incomum, e o Anthony sobre quem
vou ter de explicar um pouco mais.
Mas antes devo dizer que este
texto explodiu na minha cara por uma dessas coincidências impossíveis, assim
que peguei no celular vi a postagem de minha prima, Raquel, com a MESMÍSSIMA
música, em uma versão de Antônio Marcos.
Voltando a descontruir o texto
preciso contar como um inglês duro queria dar o golpe do baú numa brasileira,
supreendentemente (só pra inglês ver), também dura. E lá estava ele perdido em
Nova Friburgo sem grana para voltar para Inglaterra, sabendo falar em português
somente cruzeiros, amigos e namorar.
Enquanto isso eu era Aspirante
a oficial no Sexto Grupamento de Incêndio e estava com o firme propósito de não
estudar nunca mais na minha vida. Só que mais por tédio do que por sede de
conhecimento comecei a estudar a língua de Shakespeare, e (re)descobri os caras
de Liverpool daquele momento 4ever.
Então, quando o Anthony pediu
(sabe-se lá como) ao sentinela para conhecer o quartel algum incauto disse: “chama
o Aspira que ele fala isso aí.
Foi uma comédia. Eu estava no
CABS há duas semanas, se fosse em francês minha apresentação do quartel seria
algo como... O carrè vermelhè de bomberè... Depois de uma hora da pior
conversação da história da humanidade, e um montão de gestos iniciei uma
amizade para a vida inteira o que me forçou a obter fluência em tempo recorde.
Três meses depois o levei para
o consulado no Rio, e me vi doido com um gringo, não menos louco, naquela
semana que lutamos para encaixar ele num avião. E como eu tinha que trabalhar
alguém teria que ser baby-sitter.
Resumo da ópera: lá estavam
Anthony e Maria Augusta sem nada em comum além de cigarros e café.
Chovia, então ela disse com
pompa e circunstância: “when the sky starts to gray”, era tudo que precisava
ser dito para tornar o momento mágico.
Não vi a cena, mas na memória
uma ponte se construiu. Não há nada mais belo do que dois seres humanos que
fazem o possível para se entender.