terça-feira, 28 de junho de 2016

TRIPALIUM


- Bom dia, gostaria de estar falando com o Sr. Iolau?
          Só pode ser pegadinha, pensei, eu tinha acabado de conversar com um amigo sobre os 12 trabalhos, cheguei a olhar ao redor para saber se tinha alguém filmando.
- Me desculpe, é engano.
- O Sr. Tem certeza? Estou verificando aqui nos arquivos... O Sr. Não conhece ninguém com esse nome?
          Cheguei a pensar em dizer que sim... O sidekick quase desconhecido do Hércules. Mas ao contrário de um amigo que A-D-O-R-A zoar com o pessoal de telemarketing, procuro trata-los com enorme respeito.
          Trabalho, Hércules que o diga, tem a mesma raiz que tripalium, que nada menos é que um instrumento de tortura romano. De fato, ao longo da história, uma série de ocupações têm um quê de sofrimento.
          Alguém tem que catar o lixo que jogamos despreocupados na rua. Alguém tem que passar oito horas por dia nas casas de banhos dos cemitérios. Alguém tem que desentupir o esgoto. Alguém tem que passar o dia inteiro em uma sala mal arejada, morrendo de tédio, diante de um computador com aquele headphone escroto, tentando te convencer a comprar algo supérfluo. Alguém tem que revisar os meus textos.
          Me identifico, explico tim-tim por tim-tim, que não sou eu essa pessoa, solicito que não ligue mais para o meu fixo...
- Bom dia, aqui e´ do banco XYX, gostaria de estar falando com o Sr. Iolau?
          De novo? Esse pessoal gosta de testar nossa paciência. Repito o processo todo, me identifico...
          Sabe aquela piadinha do dos cachorros Grapete e Repete? Pois é na manhã seguinte...
- Bom dia, gostaria de estar falando com o Sr. Iolau?
          Já estou com aquele jeitão de cavalo de guerra usando as roupinhas das princesas da Disney. Mesmo assim me identifico...
- Bom dia, gostaria de estar falando com o Sr. Iolau?
- Iolau é a cabeça do meu pau.

Engraçado, nunca mais me ligaram.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Subidas e descidas (ou o que ouço por aí)


Ei, ei, ei... Ô... Ó ai!..  Ó auê ai ó!

- Maizé, fala pru Cazalberto pra cumprá café... Na hora difazê sêle pergutá sé pra popó, diz qué pra pôpocupó.

- Mermão, taquissssiaqui ta muitu caru?
- Ih! Só nu tiru, e tá mais que um galu!

- Achá uma acha nois acha. Difici é achá uma acha quenum racha.


(vô nem pô meu nome nu final, sacanagi dizê qué dinhautoria)