CAVALEIRO MARGINAL
Na janela lateral do cara lá de Marechal, quando eu
falava longe de Honório... ou algo
assim, era como Everest cantava Beto Guedes em uma parceria inesperada. Óbvio,
que esta música acabou ganhando nova dimensão, a bela representante do Clube da
Esquina ficou, para mim, com a cara do meu irmão.
Já a admiração que meu sogro tinha
pelo Alceu Valença teve um quê de mistério. Feliz da vida, ele agradecia pela
lembrança daquele pessoal de sua juventude. Eu ficava no vácuo, até que a bruma
leve das paixões que vem de dentro, tantas vezes assoviada, mostrou a sua
versão surpreendente: a turma alegre da
estação de Engenho de Dentro.
Este é um assunto interminável:
Djavan nunca passou por um
deserto amarelo.
Erasmo Carlos não estava te
mandando chamar Dirceu.
Elis não te compara com um
bife quando fala que você ama o passado.
Quando Claudio Zoli estava
homenageando B.B. King, não pensava em tocar com roupas de banho femininas.
Nem o namorado da andarilha Beth
Carvalho, na verdade um monarca, se tratava de um homossexual.
O gaiato do Herbert Viana não
entrou de caiaque num navio.
Se você duvida que alguém
possa cantar assim dá um google que outros exemplos aparecem rapidinho (ou você
acha que eu lembrava de todos estes?).
Podemos esticar este papo um
pouco mais: o famoso zagueiro zagueiro teve seu nome derivado de uma interpretação
errônea do Roberto que falava sobre o divã.
Isto não ocorre por acaso, quando
nós começamos a estudar as teorias sobre as nossas práticas em sala de aula
podemos finalmente entender que as pessoas podem ser entre outras coisas
auditivas, visuais ou sinestésicas. Isto explica o porquê de alguns alunos, que
têm um bom inglês, não entendam nada por telefone.
Bem, está dito. Atire o pau no
gato quem nunca cantou errado. Eu mesmo passei boa parte da minha vida pensando
que mantissidão era uma palavra que deixava as pessoas nas nuvens, como que em
um lugar calmo, de serenidade e paz. Lençóis de cetim onde amantes se dão.