segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Minha vida de YouTuber


Cara, as vezes é difícil, como dizem por aí, não está mole para ninguém. O que tem de gente por ai latindo no quintal para economizar cachorro não está no gibi. Então meu novíssimo trabalho é dar aula de graça. Assim vou tentando me inserir na tal da modernidade. E acho que estou ajudando a educar a galera da geração... sei lá qual letra estão usando hoje em dia. Resultado, estou perambulando e fazendo a propaganda de YouTuber.

Achei que iria ser divertido, pois sempre admirei os caras que conseguem vender coisas nas ruas. E no caso específico nos coletivos. Então, tomei coragem e subi no ônibus da faculdade para fazer propaganda do meu recente trabalho como professor intergaláctico, o que ficou mais ou menos assim:
- Bom dia a todos, eu poderia estar matando, eu poderia estar roubando, eu poderia estar abduzindo vocês para o meu planeta (ai faço o símbolo de prosperidade Vulcano); e por falar nisso live long and prosper. Mas, só quero dar umas aulinhas de física e matemática.

Chego em casa umas duas horas depois, ansioso para ver o número de novos inscritos e é aquele que começa com z, e não é “zoito”. Estufo o peito, tento disfarçar a depressão e volto para a rua. E a nova estratégia até faz algumas pessoas rirem:
- Tai o meu canal: é de graça. E de graça até injeção na testa, ônibus errado e convite para festa que já passou.

Outras tantas horas e até vejo o ponteirinho do canal se mexer um pouco.

Vou apelar:
- E aí galera, olha a aula, olha lá. Esse canal não cura erisipela, nem espinhela caída, não traz o seu amor em três dias! Mal olhado e quebranto também não é comigo! Mas as aulas...
Tento disfarçar um certo desânimo com bom humor. Sei que sou novo no pedaço, não no quesito lecionar, mas sim neste lance frenético. E com a ajuda de alguns amigos, até já tenho uma meia dúzia de alunos.

O fato é que para cada três minutos de aula rolam pelo menos duas horas de pesquisa e preparação e como erro para cacete e não quero aquela coisa robótica da edição, tenho que fazer cada aula duas, três, quatro ou até o recorde de doze vezes, até eu achar que os erros não vão prejudicar ninguém. Porque perfeito mesmo, sei que nunca vai ficar.

A parada dura é que como minha única atividade de trabalho depois que me despedi do Corpo de Bombeiros são as aulas particulares, nem sempre estou trabalhando. O fato é que sempre rola aquela época do ano em que os alunos somem e eu corro o sério risco em me viciar nos jogos de celular.
Estou vivo. E o que aprendi pode ainda ser útil para um montão de gente, mesmo que o meu jeito seja assim anacrônico (só velho usa esta palavra!). O resultado é que estou batendo perna, parando as pessoas na rua para tentar convencer a comprar algo que é de graça. E por falar nisso, dá uma olhadela lá no meu canal. O nome dele foi mal escolhido pacas e é REMO NORONHA, e assim ficou por falta de ideia melhor. Bem, já que você chegou até aqui acho também posso pedir sua nova inscrição, mesmo que não seja na boemia, depois de se inscrever compartilha lá, para os amigos se gostar ou para os inimigos se ficou ruim mesmo.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

O museu pegou fogo.
Uma tristeza sem final.
Acudam, acudam, acudam.
A cultura nacional.