Nomes
Um poeta de verdade disse que a vida dele não se resolveria caso se chamasse Raimundo.
Andando por este vasto mundo, descobri que pontuo tão mal que nem ser chamado de Virgulino resolveria o meu caso!
Para Marcos Duílio, que se vê louco a catar as vírgulas que deixo espalhadas pelo chão.
quarta-feira, 14 de novembro de 2018
sexta-feira, 9 de novembro de 2018
terça-feira, 6 de novembro de 2018
SOBRE
OVOS, CUCOS E SERPENTES
Em
meu último texto me referi aos ovos de cucos e dei o assunto por encerrado. Quisera
tudo na vida fosse assim em capítulos e fácil de entender. Porém, logo na manhã
de segunda-feira, fui surpreendido pela postagem de um aluno esperneando contra
tema da redação do ENEM, na qual ele disse ser um absurdo “cair” algo para qual
ele não estudou o ano inteiro (!!!???), apesar de todos os seus esforços.
Então
cá estou eu, quase que forçado a voltar a tocar novamente um samba de uma nota
só.
Ok,
mas assim como Jack, vamos por partes.
Pode
ser que o seu avô tenha feito um exame de admissão meramente acadêmico, mas eu
mesmo que poderia ser avô de alguém tinha que ler revistas e jornais, por saber
que temas atuais podem desfilar nos vestibulares.
Dito
e feito. O tema do ENEM teve um texto E-N-O-R-M-E, que podemos resumir assim: fala
aí sobre fake news. Após resistir
a ideia de entregar a redação com uma só frase que seria: “no news is good news”, qualquer aluno teria muito o que dizer,
pois não se fala de outra coisa.
Ainda
sobre o tema do ENEM observei que há um certo exagero no uso do vocabulário.
Algo como a tendência de alguns autores gastar o latim e falar deste jeitão: “cristais dissolvidos pelas papilas
gustativas deste derivado da cana de açúcar, têm condições organolépticas
agradáveis, apesar do alto grau de dureza”, ao invés de simplesmente “rapadura é doce, mas não é mole”.
Ora
bolas! Como se trata de um exame acadêmico, que vai justamente qualificar
alunos para galgar o curso superior, não há o que reclamar, daquilo que em
condições normais de pressão e temperatura poderia dificultar a vida de alguém.
Como exemplo vejo que as atuais bulas de remédios passaram a evitam palavras
como “posologia” ou “deambular”, afinal neste caso, todos devem entender minimamente
o que estão fazendo. A mesma lógica não se aplica a textos voltados para a
formação de uma elite pensante (mesmo assim estou até com medo das famosas
postagens com os erros absurdos dos alunos neste ano!).
Quanto
ao mal-uso da internet, vou dizer apenas que temos esta ferramenta há muito
pouco tempo. Então, pelo menos para mim é natural que muitos ainda não saibam
lidar com esta tecnologia. E como tudo que se apresenta em nossa vida, só o
tempo vai dizer o quanto vamos ainda amadurecer (ou apodrecer).
Cabe
ainda uma reflexão: o avanço tecnológico quase nunca está atrelado a avanços
éticos. A combinação destes ritmos nos põe na perigosa posição de uma criança
que mal sabe andar, mas por um descuido tem uma faca afiada na mão.
Finalmente,
quanto aos ovos de cuco, chegou a hora da explicação. Apesar de qualquer
metáfora (ou piada) assim que explicada acaba perdendo grande parte de seu
poder (de fazer rir ou pensar).
Cucos
não fazem ninhos. Eles entram naqueles construídos por outras aves e substituem
seus ovos pelos delas. A consequência pode ser achada em diversas fotos onde
pássaros pequenos, coloridos, ágeis ou belos alimentam os desengonçados filhotes
de cucos.
Quantas
ideias por aí você sai espalhando com a certeza de serem suas, ou serem verdadeiras,
ou serem carimbadas por uma agência séria, ou por que pagariam a suposta cura
de uma criança que sofre, ou por de virem de alguém como Albert Einstein?
Bem
é isso. Entretanto, como deixei uma metáfora quase destruída por uma explicação
tão pobre, quero deixar uma outra de presente para vocês. Não é algo original,
pois já foi alertado por Exupéry e suas mudas de baobá. Então, meus pequenos
príncipes, estejam sempre alertas ao chocar ovos que não lhe pertencem, se for
de um cuco o estrago pode ser grande o suficiente, imagina de for de uma
serpente!
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