sábado, 12 de janeiro de 2019

SOBRE JARDINS E AMIGOS

Para Wladmir Rollemberg, meu melhor amigo.

Meu melhor amigo passa boa parte do tempo me perturbando, para não dizer simplesmente, que ele me enche... um bocado. Bem, não posso reclamar, pois sou muito mais chato do que ele. Algo como... tem que pagar pedágio para ser meu amigo de verdade. E pelo que entendo a mesma lógica se aplica a ele.

Por exemplo, parece que toda vez que vou visitar ele aparece uma mudança, assim tipo de um sofá gigante que não cabe no elevador e mal passa pela escada, justo quando ele se mudou para o décimo segundo andar.

Não reclamo, ele bem pode dizer que se trata de uma pequena vingança de quando escalei ele para a pior missão da sobrevivência, nos idos de 1987, quando estávamos cursando como cadetes do Corpo de Bombeiros. Acredito que ele só vai saber o porquê de eu o ter escolhido depois de ler este texto, eu simplesmente precisava de alguém que eu confiava para uma missão difícil.

Se você, algum dia, precisar de alguém para fazer uma amarração na sua descida de rapel, que seja alguém que tenha a sua confiança no nível técnico, humano e moral.
Tudo bem, se você não acredita no que digo, se quiser simplifique: para ser meu amigo de verdade tem que pagar pedágio. Mas eu já disse isso, provavelmente vou dizer de novo.

Um amigo, antes de tudo tem que ser gente como a gente.

Gosto de gente em geral, gosto de gente que dá abraço, gosto de gente que sorri a toa, gosto de gente que toma cerveja comigo, gosto de gente que me ensina ou que aprende comigo, gosto de gente que se põe do meu lado quando o mundo diz que não, até gosto de gente que da presentes.

Este último item, não é tão relevante assim, até porque meu melhor amigo tem a incrível habilidade de dar presentes horríveis. A lista é interminável: pijama de bolinha, biscoitos que ninguém mais quer, camisa que não cabe em mim, livros de colorir, alfajor que demorou mais de oito meses para chegar nas minhas mãos e quando veio estava cheio de mofo e um livro horrível que só ele gostou.

Todavia, nada foi tão idiota quanto o tal  do JARDIM ZEN.

Assim que abri a caixa, falei para ele... maneiro, agora cadê o presente de verdade?
Não consegui esconder minha cara de decepção quando ele me explicou que era aquele mesmo.

Mas como já disse, para ser meu amigo tem que pagar pedágio, três meses depois tive o prazer de ver a cara de bunda dele quando abriu uma caixa, e lá estava um LINDO JARDIM ZEN, como presente de aniversário para ele.

O resultado dessa história é que já faz uns dez anos que passamos um para o outro o mesmo presente de aniversário.

Neste ano o presente veio um pouco atrasado, precisei de meu melhor amigo para segurar uma daquelas barras para as quais Deus inventou os melhores amigos.

Já havia passado, o meu aniversário um mês e meio, então desta vez ele realmente me surpreendeu com um LINDO JARDIM ZEN.

Tem nada não, fevereiro o jardim volta para a casa dele, neste interminável movimento ondulatório entre Carmo e Niterói.

Vamos rir um bocado quando ele abrir a caixa.

A cerveja é por minha conta.