LIGAÇÕES
Spoiler Alert (não chega a estragar
a trama, mas
falo da terceira temporada de DARK)
Tenho uma qualidade em comum com algum dos meus amigos:
só consigo ser engraçado quando não tento ser. Porém, se conto uma piada o
fracasso é quase certo. Acabam fazendo o tipo ‘vou rir para não perder o amigo”
ou “vou rir de raiva ou de pena”. Mesmo assim vamos lá:
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Você sabe o que o
Carbono disse ao delegado Benzeno?
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…
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…..
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……
-
Eu tenho direito a
quatro ligações!
Cai
o pano (bem rápido, já começaram a jogar tomates!)
Esta aí me voltou a cabeça ao ver DARK. A série
redefiniu a expressão filha da mãe, pois uma das personagens é filha da filha em
toda aquela confusão de viagens ao passado e “paradoxos de fluxos temporais”
(acho que é a primeira vez na vida que uso esta expressão em um contexto adequado
– quando eu era moleque falava isto ai para acabar com qualquer discussão.)
A cena da mãe-filha-mãe... entendendo a profundidade
da ligação delas é no mínimo pungente. Não consigo imaginar nenhuma ligação
humana ser mais profunda que o binômio mãe-filha, imagina quando esta relação se
amplia.
Assim como o carbono temos direito a várias ligações, inclusive
com a mesma pessoa. De fato, as relações começam a enriquecer quando você é amigo
de seu pai, professor de seu filho, sócio de seu primo, amigo do padeiro ou confidente
do motorista de taxi.
É por isso que a maior dificuldade que o luto traz é
entender a perda de alguém que significa tantas coisas para você.
Assim como personagens de um bom livro, as pessoas ao
seu redor, passam a ser interessantes quando as relações começam a ganhar
complexidades que ultrapassam o óbvio, o maniqueísmo e o estereótipo.
Se você acha que tais relações só aparecem na ficção
observe bem em sua própria família como os mais velhos vão paulatinamente
mudando de lugar no palco da vida. E quando a sua mãe se transformar em sua
filha não esqueça de contar uma boa história para dormir.