Ela chega meio assim: “Sou sanguínea”. “Sou Complicada”.
Ou... “Sou difícil mesmo”.
A expectativa criada é que o mundo se mova, preferencialmente
modificando sua trajetória elíptica, para que não haja qualquer colisão.
Pode ser na fila do caixa. Há sempre alguém com uma
pressa incomum e com necessidades mais especiais do que quem realmente as têm.
Pode ser no trânsito... e tome fechada.
Pode ser no trabalho. O que vai um pouco além do óbvio
“dê poder para conhecer”, na verdade basta entrar em alguma bola dividida.
Bolas divididas são reveladoras.
Não sei se ser de uma cidade imperial aguçou minha percepção.
Estes tipos de figuras acham que têm um rei na barriga. Agem como quem pisa nos
astros distraídas, mas não têm o charme que imaginam. São insuportáveis mesmo.
Já tive que lidar com muita gente assim. Hoje, não mais.
Há quem me pergunte se o melhor da aposentadoria é não
ter que trabalhar. O que está longe de ser verdade, principalmente no meu caso,
pois os dois trabalhos que tive na vida foram muito mais fonte de realização do
que de frustação.
O melhor mesmo é não ter que lidar com malas.
Meus cabelos brancos fazem questão de se cercar de
pessoas que me amam, que me enchem de felicidade, que me ensinam, que me
estimulam. Um luxo, que não se encontra facilmente no mercado de trabalho.
Então, se você quer ser alguém difícil para mim saiba
que não vou fazer questão de bater de frente. Entretanto, vou dar uns passos firmes,
pois vetores têm direção, sentido e intensidade definidos. E eles vão me levar
onde nenhum homem jamais esteve.
Afinal há algumas pessoas que quero bem... Bem longe.