sábado, 29 de outubro de 2022

Muttley

 

Como sou vira-latas posso afirmar que o Muttley é um de meus personagens favoritos.

Afinal como ter que lidar com essa corrida maluca quando seu chefe é o Dick Vigarista?

A resposta dele era uma ironia ácida.

Outra coisa que me chamava atenção era não entender o porquê de o vilão se atrapalhar quando deveria estar simplesmente na corrida. Afinal ele tinha o carro mais foda de todos os concorrentes, mas um tempo precioso era desperdiçado com suas artimanhas e acabava perdendo para um fusca cor de rosa ou para um calhambeque com os sete anões do orçamento (desculpa aí... estou confundido as comédias).

Hoje percebo que a metáfora é outra: a do sapo e do escorpião.

O Dick Vigarista não consegue fugir de sua própria natureza e vai se atrapalhar com excesso de recursos e tantos capangas. Sim capangas, pois só quem é ético consegue cultivar amizades verdadeiras.

Então acordo hoje com a mesma risadinha na cabeça. E viva a vida que insiste em copiar a arte.

sábado, 15 de outubro de 2022

Nós sete

 Sim é este meu nome.

Meu pai amava história e sabia que um nome é uma benção.

Qual é a sua?

Qual é a sua graça?

Qual benção lhe deram quando você veio a esse mundo?

 

Costumava dizer... não sou um Remo que rema, sou um Remo que rima.

Pois tenho a ousadia em assumir que o que digo pode ser poesia.

 

Então meu amor me trouxe para um lago.

E sorrindo me perguntou: o que há do outro lado?

E na beira de cá ela me apontou o que faltava.

A árvore ancestral que abriu mão de suas próprias entranhas para carregar nós sete, pois sete são os dias da semana, sete são as virtudes e sete é o sagrado. Só assim poderíamos desbravar aquele que de pacífico só tem o nome.

 

Os sete me ensinaram o ritmo, a força, o jeito, o cuidado, a pegada, o acolhimento, e que ficar à toa a canoa não perdoa.

Então não tem jeito, não sou mudo para o mundo e estou mudado.

Hoje sou um Remo que rema e rima.

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Pontífice

 Leio o poeta dos pseudônimos dizer que ela era eu.

Juro não entender, mas ouso sentir. Pseudos são verdadeiros quando são máscaras, personas e personagens, mesmo que apenas arranhem a realidade profunda.

Ouço a Hera desafiar o texto das moiras e mudar os destinos, caminhos e vestidos floridos nessa canção que fala em um Shangrilá de sonhos.

Vejo a hera desafiar os muros para transformar em ponte o que há de indivisível no indivíduo.

Frágil lança o broto para o infinito.

Terrível toma o caramanchão.

As orquídeas, delicadas, hão de vir.