De tudo que já escrevi talvez esse seja o texto mais difícil de concluir no que tange à tentativa de não virar clichê. As citações são óbvias que passam pelo Vinicius pedindo para que a filha não cresça ao filme com Steve Martin homônimo ao título dessa crônica.
Seja como for, em algum dia dessa vida devemos ensinar
nossas filhas a se defenderem sozinhas em uma sociedade que em geral vê a mulher
como um monte de coisas que vão desde seres incapazes de um sobrenome que não venha
de um homem, seja ele pai ou marido, até o apedrejamento, contra o qual se
insurgiu o Rei dos Reis.
Em se tratando de casamento até mesmo corro o risco do
autoplágio ao lembrar que alertei um amigo que sua, então, noiva poderia se
revoltar, ali mesmo toda vestida de branco com véu e grinalda, enquanto algum
idiota dissesse no altar que a mulher deve ser submissa. A resposta a isso,
caso não lembrem é que o produto bem-acabado é construído após o protótipo
imperfeito.
Também sei, a duras penas, que tais posições já me
renderam adjetivos nada lisonjeiros vindos da mansfera e seus redpills. Porém
elas vieram de uma cláusula pétrea: sou admirador das mulheres, então como não ficar
babando se uma delas é fruto de meu amor com o meu amor?
No fim das contas é ela que é a fera, e não o pai da
donzela. Assim me cabe simplesmente aceitar que o lhe foi ensinado seja o
suficiente para lidar com o patriarcado e entender que a vida segue em seus passos inexoráveis. Logo
vou gentilmente apertar a mão do gaiato que ela escolheu (não se engane ao
menos nesse século isso deveria ser uma premissa delas), sorrir para a foto e
dizer entre os dentes: se você fizer besteira corto uma parte muito especial de
seu corpucho, frito, mastigo e dou o resto para minhas cachorras... Não necessariamente
nessa ordem.
Essa fantasia se desfaz ao compreender que ela vem de
uma linhagem de grandes mulheres e, definitivamente não precisa de nenhuma
bravata de seu velho.