quinta-feira, 1 de outubro de 2015


SOLIDÃO

Quarenta anos no deserto foi o tempo necessário para um povo escravo se transformar em guerreiro.
Mas, o que é deserto? De certo mares e florestas dizem o mesmo, com a força estonteante, perigosa e multimilionária do inconsciente. Só que no deserto nos encontramos estranhos e sós.
Salvem nossas almas, talvez queira dizer aquela última palavra. Só, que só a solidão pode nos preparar para o desafio final. Sob uma árvore encontrou a Maia o Sidarta, mas foi no deserto que Ele encontrou o inimigo.
É melhor estar só.
O perigo é que lá encontramos a nós mesmos. O que nem sempre agrada.
O silêncio, tem me encontrado ultimamente. Temo pelo o que posso dizer. Iconoclasta, aprendi a destruir a santidade nos outros com tanta eficácia, que já não sei se sobra algo sagrado.
Vejo músicas artificiais com sentimentos encomendados, e pouco a pouco tento reconstruir no deserto algo verdadeiro. Uma frase do Exupéry aqui, uma canção dos Beatles acolá, a reafirmação da fé de um amigo em dificuldade além.  Tento oferecer outra face, mesmo quando não acredito mais nas pessoas que empurramos para suas posições no tabuleiro de xadrez, com suas bandeiras manchadas de sangue.
Não se trata de seca literária, justo quando tenho tanto a dizer. Silencio apenas para que minha falta de cera não seja apenas de educação.    


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