quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017


CAVALEIRO MARGINAL

Na janela lateral do cara lá de Marechal, quando eu falava longe de Honório... ou algo assim, era como Everest cantava Beto Guedes em uma parceria inesperada. Óbvio, que esta música acabou ganhando nova dimensão, a bela representante do Clube da Esquina ficou, para mim, com a cara do meu irmão.
Já a admiração que meu sogro tinha pelo Alceu Valença teve um quê de mistério. Feliz da vida, ele agradecia pela lembrança daquele pessoal de sua juventude. Eu ficava no vácuo, até que a bruma leve das paixões que vem de dentro, tantas vezes assoviada, mostrou a sua versão surpreendente: a turma alegre da estação de Engenho de Dentro.
Este é um assunto interminável:
Djavan nunca passou por um deserto amarelo.
Erasmo Carlos não estava te mandando chamar Dirceu.
Elis não te compara com um bife quando fala que você ama o passado.
Quando Claudio Zoli estava homenageando B.B. King, não pensava em tocar com roupas de banho femininas.
Nem o namorado da andarilha Beth Carvalho, na verdade um monarca, se tratava de um homossexual.
O gaiato do Herbert Viana não entrou de caiaque num navio.
Se você duvida que alguém possa cantar assim dá um google que outros exemplos aparecem rapidinho (ou você acha que eu lembrava de todos estes?).
Podemos esticar este papo um pouco mais: o famoso zagueiro zagueiro teve seu nome derivado de uma interpretação errônea do Roberto que falava sobre o divã.
Isto não ocorre por acaso, quando nós começamos a estudar as teorias sobre as nossas práticas em sala de aula podemos finalmente entender que as pessoas podem ser entre outras coisas auditivas, visuais ou sinestésicas. Isto explica o porquê de alguns alunos, que têm um bom inglês, não entendam nada por telefone.
Bem, está dito. Atire o pau no gato quem nunca cantou errado. Eu mesmo passei boa parte da minha vida pensando que mantissidão era uma palavra que deixava as pessoas nas nuvens, como que em um lugar calmo, de serenidade e paz. Lençóis de cetim onde amantes se dão.

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