A
CIDADE E AS ESTRELAS
Quem
é você ...
Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira,
Oswaldo Cruz e Matriz
Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira,
Oswaldo Cruz e Matriz
Que sempre souberam muito bem
Que a Vila Não quer abafar ninguém,
Só quer mostrar que faz samba também
Que a Vila Não quer abafar ninguém,
Só quer mostrar que faz samba também
Estou quase certo de que
a referência que vou citar vem de um livro de Arthur
C. Clarke (sim, aquele autor que você xingou à beça quando viu n kapa pi minutos de efeitos especiais incompreensíveis de 2001 uma Odisseia no espaço), cujo
título encabeça a presente crônica.
O
trecho que quero contar é um no qual o personagem principal encontra um cara
que é telepata. Logo chega um momento em que ambos se saem de uma cidade.
Depois de um silêncio incômodo, o tal do telepata explica que estava se
despedindo da namorada.
Quando
li isso, pensei: “Caraca! Se alguém
soubesse o que penso jamais iria querer ser meu amigo, quanto mais me namorar”.
Meu coração nerd quase pulou de desespero ao lidar com a perspectiva. Já me
bastavam os decorridos dezessete anos de solidão. E eu não queria de forma
alguma quebrar o recorde de Gabriel Garcia Marquez.
Um
pouco depois vi algo que não sei se era ciência, bruxaria ou alquimia.
Tratava-se de um documentário no qual estavam pesquisando a possibilidade de
transmitir o pensamento associado a fala com o seguinte processo:
-
Analisa-se a fala de uma palavra comparando com o mapeamento cerebral naquele
exato momento.
-
Compara-se a intenção da fala da mesma palavra sem que esta seja pronunciada em
novo mapeamento.
-
A exaustiva comparação de padrões levaria a compreensão de quais ondas
eletromagnéticas correspondem a cada palavra, e bingo (só um cara velho pra cacete
usa isso neste contexto!), podemos transmitir isso a outra pessoa.
Minha
duvida do fato disto ser real ciência não deve causar espanto a ninguém. Não
podemos esquecer que há pouco se dizia que fumar não fazia mal à saúde, que
pessoas com percepção extra-sensorial poderiam influenciar ações de líderes
mundiais, que uma determinada raça era superior ou ainda que a Terra era plana
(bem, isso tem gente que acredita nisso até hoje!). E tudo isso assinado, carimbado e
selado no pluft, plaft, zum de documentos científicos.
Ao
revisitar a ideia de telepatia, a cena agora me passa de um modo metafórico,
pois estamos bem próximos disto nas redes sociais. Falta uma tonelada de cera
para os sinceros de ocasião.
Lembro
muito bem quando discuti com um acadêmico que criticava os excessos da escola
tradicional, pois se debruçar em tanto conteúdo era perda de tempo, afinal bastaria
ter senso crítico.
É
isso que a tal da telepatia nos traz. Hoje podemos criticar qualquer coisa, de
preferência xingando todos que pensam diferente no final, mesmo que não
tenhamos qualquer conhecimento sobre o assunto.
A
resposta a tudo isso poderia ser o dito de que o silêncio vale ouro. Ou aquela
velha história das peneiras: a da verdade, a da utilidade e a da bondade antes de
falar. Ou ainda das penas largadas ao vento do alto da montanha. Ou simplesmente
a anedota de que em boca calada não entra mosquito. Enfim, os exemplos da
sabedoria popular são infinitos.
Abraham Lincoln um dia disse
que "Às vezes é melhor ficar
calado deixando que os outros pensem que você é um idiota, do que abrir a boca
e não deixar nenhuma dúvida." O que me parece muito adequado,
pois nunca me arrependi de ter me calado (isso quando consigo superar meu instinto
selvagem – sinceridade e raciocínio rápido sempre foram a minha ruína!).
Mesmo
assim, se o bichinho carpinteiro me coçar sempre tenho a alternativa de escrever
sobre o assunto. E tal atitude me poupa de atribuir a frase citada, aqui mesmo no
parágrafo anterior a Bernard Shaw, ou qualquer outro cara. Pois quando
escrevemos sempre podemos pesquisar com calma e no meu caso particular perguntar
ao Marcos Duílio ou ao Francisco se não estou dando uma tremenda mancada antes
de publicar (o que nem sempre faço por pura ansiedade, portanto não atribuam a
eles os meus erros – mea culpa, mea máxima culpa).
Outra
vantagem de ficar calado é ter um ar de mistério que aumenta muito suas chances
de ser bem-sucedido em suas empreitadas amorosas. (Ah! seu eu soubesse disso em
1981).
Este
texto mesmo está com mais buracos do que queijo suíço, tem um monte de coisas
que eu queria dizer, mas como fazê-lo sem ofender um monte de gente? Quando
chega neste ponto o que nos cabe é o silêncio.
E
para ninguém achar que não posso falar esta palavra sem o mínimo de doçura aqui
vai o trecho de minha canção de ninar predileta: “Silêncio. Ele está dormindo. Vejam como é lindo. Sua majestade o
neném”.
Faço o possível para me calar, em diversas situações.
ResponderExcluirNo fim, é gratificante.
E a frase que mais me doeu: a casa já tem novo dono.....
🤔🤔🤔🤔