MÃO
DE PAU
Para quem não sabe sou um
tipo que tem um carma tão pesado ao ponto de não nascer grama onde piso. Talvez
você também seja assim. Primeiro você tentou ser atacante, mas é um cara
grandão e meio desajeitado, então é deslocado para lateral, mas é muito lento. Finalmente
tenta a zaga, mas é defenestrado depois da segunda pixotada. Esqueci algo? Que
tal o meio de campo? Pensando bem, deixa para lá. Ali é um lugar para desfilar
categoria, não é para quem chama a bola de Vossa Excelência.
O que nos resta? Algo, mais ou menos assim: “Bicho
pega no gol só esse jogo, o João quebrou o dedão e não temos outro para pôr no
lugar”.
Você não sabe nem o que está fazendo, só que tem
aquele tipo de coragem própria dos loucos. Além do mais para jogar uma
partidinha de futebol você não se incomoda de chegar em casa todo ralado.
Assim está feito.
Mais um arqueiro, guarda-metas, goalkeeper,
mão-de-alface, mão-de-quiabo, maluco-do-time, vai-que-é-tua, frangueiro,
mão-de-pau, enfim... goleiro.
Esta é a posição mais original e solitária do futebol.
Nela lhe dão o superpoder de usar as mãos, mas vão lhe cobrar por cada erro.
Dizem que médicos, pilotos de avião e goleiros não
podem errar. Só que todo mundo erra.
No meu caso particular o erro é uma das minhas maiores
características. Se faço conta somo um e um para encontrar onze. Se falo a
língua pátria nunca sei se uma palavra tem um ou dois erres ou esses. Falo
inglês fluente, porém meu spelling é uma desgraça, e não vou ficar
espantado se escrevi spelling errado!
Assim toquei a vida, uma exibição de gala aqui, uns frangos ali. Até que finalmente encontrei a pelada que sempre quis: um time de tigres... de bengala, de muleta e até de bom futebol (pelo menos alguns de nós, já jogou bola de verdade). E lá vamos nós para mais um encontro na manhã de domingo. Logo vai começar a pelada dos veteranos do Carmelo.
Assim toquei a vida, uma exibição de gala aqui, uns frangos ali. Até que finalmente encontrei a pelada que sempre quis: um time de tigres... de bengala, de muleta e até de bom futebol (pelo menos alguns de nós, já jogou bola de verdade). E lá vamos nós para mais um encontro na manhã de domingo. Logo vai começar a pelada dos veteranos do Carmelo.
É maravilhoso nos divertir com um jogo de futebol com
caras que pouco se importam com o resultado, em um jogo no qual dividir uma
bola sob o risco de machucar um amigo é impensável.
Ontem foi ainda melhor, chegou um bando de moleques da
vizinha cidade em seus brilhantes uniformes azul-escarlate. E não sei se por
ironia ou se por amor decidiram torcer justo por mim.
A cada defesa ouvia: GOLEIRO, GOLEIRO, GOLEIRO!
Estava divertido à beça, até o momento em que tomei um
frango, algo quase regulamentar da minha vida. Não uma falha qualquer: um gol
contra. Levantei pensando em me irritar quando um menino gritou: FICA CHATEADO
NÃO VOCÊ É BOM! Então, os outros me aplaudiram.
Quantas vezes você gostaria de ter uma plateia tão
linda em sua vida? Há erros de vida e morte, momentos em que uma falha pode
estragar algo precioso. Nos demais deveríamos rir e aprender uma lição
qualquer.
Quando acabou o jogo fui até a arquibancada para dar
boas vindas a minha cidade aos pais e mães que trouxeram aqueles meninos
espetaculares. Agradeci profundamente a educação a eles oferecida. Há bens
preciosos espalhados no mundo, mas nada se compara ao fato de que as crianças
são o melhor do nós.
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