Um dia eu estava morto de fome.
Não tinha opção, ou me aproximava da fogueira para
comer restos ou não conseguiria dar mais um passo.
Ao invés da agressão recebi uns tapinhas na cabeça e mais
comida do que eu tive em um mês.
Dizem que ele não conhece cheiros e não sabe uivar e
que o cheiro dele lembra uma galinha molhada.
Só que de um jeito estranho sei exatamente o que ele
quer dizer.
Várias noites passaram.
Logo entendi qual deveria ser meu trabalho: proteger meu
humano toda vez que ele fosse dormir.
Espanto qualquer um que possa pôr em risco sua vida
terrena ou espiritual.
Com o tempo fui me deitando cada vez mais perto.
Mesmo que ele faça algumas coisas estranhas, como me mostrar
os dentes, é claro que sei que ele me ama. Sinto o cheiro de ocitocina cada vez
que ele uiva de um modo estranho com um som que parece Thothou.
Em um dia frio ele me abraçou a noite toda.
Se isso não é amor, não sei o que é.
Sei que você deve achar estranho, mas digo sem nenhum
medo de errar, até poque a Grande Loba tem formas estranhas de se manifestar:
aquele humano é meu filhote.
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