quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Memento mori

 Disparado de todas as qualidades humanas a que sou mais incapaz de aprender é  saber quando calar.

Os sinais estão espalhados por aí. Lembro da figura da enfermeira estampada nos corredores dos hospitais com o indicador cruzando os lábios. As placas nos ônibus informando que deveríamos falar ao motorista somente o necessário. O cala boca Bárbara do Chico. O Silêncio ele está dormindo em uma canção que ecoa na memória e toca meu coração. A aula de yoga. O torcedor do jogo de tênis. A explosão no vácuo.

Então, por que nunca aprendi uma lição tão básica? Talvez meu melhor amigo esteja certo e eu seja o cara inteligente mais burro que ele já conheceu. Resumindo uma anta com Q.I. de 400... pobres antas.

Sofro de sincericídio, doença genética e congênita associada a (quase) toda minha família, e digo quase somente para estabelecer uma apertada margem de erro. Não vou falar, não vou falar, não vou FALEI. Lembrando o bode do filme de animação de deu a louca na Chapeuzinho.

Sei que a palavra vale prata e o silêncio vale ouro. Mas o que é o tal do ouro senão uma porcaria que reafirma as desigualdades do mundo e deixa mercúrio espalhado nos rios, matas e comunidades.

Há algo em mim que fala, que canta e grita.

Mas se você disser que eu desafino, amor, vai tomar... que eu não sou cantor.

Um comentário: