Recebo o meme este mostra que estamos cada vez mais parecidos com os Jetsons, enquanto nos deparamos com robôs e carros voadores. Posso até concordar, principalmente quando lembro o quanto o trabalho do pai é precarizado, sem horário certo para terminar e que seu chefe pode fazer uma vídeo chamada inoportuna para uma nova demanda.
O desenho veio na esteira dos Flintstones, onde ocorre um passado idílico que nunca aconteceu, como normalmente é qualquer nostalgia que quisermos evocar. Temos também a série, interminável, da família padrão encarnada pelos Simpsons e essa se ancora no aqui e agora.
Mas, dentre Georges, Freds e Homers de quem sinto saudade mesmo é do Dino da Silva Sauro. De fato, fico espantado de como a série não passou de uma temporada, mesmo assim quase nos matou de tanto rir.
Nesse contexto passado, presente e futuro resolveram me visitar neste mês em que tive a péssima ideia de comprar uma máquina de lavar da _______ (nome da empresa suprimido para evitar ações jurídicas, mas se você estiver curioso basta rimar ). Para no final de contas chegar à conclusão de que o prazo de reparo proposto pela garantia do fabricante não passa de uma obra de ficção.
E lá vou eu tentar ser ouvido por quem recebe para isso, mesmo sabendo que ninguém realmente ouve velhos. Nessa estória, estou vivendo um misto de o “dia da geladeira” e o “poço de piche”. Caso não lembre dos episódios de A Família Dinossauro, vale a pena pesquisar para rir e filosofar. No caso do eletrodoméstico fica a reflexão de como nossa dependência da tecnologia pode ser quase tão importante quanto oxigênio. No outro se desenrola a despedida da Zilda e a alegria do Dino em se livrar de um peso morto. Tendo sido uma criança chata, um adolescente insuportável, um adulto no mínimo excêntrico não tenho grandes esperanças de ser um velho bacana. Então, vendo da perspectiva de quem deveria me arremessar é até difícil não ser solidário.
Talvez eu só queira destilar um pouquinho de veneno ao considerar que ainda nesse ano serei, oficialmente, um cidadão sênior; portanto elegível ao poço de piche, mesmo que esse seja apenas metafórico. De certo, o que percebo é que vivemos relações cada vez mais etiquetadas com preços bem definidos pela lei da oferta e procura. Portanto, não é a melhor coisa do mundo resolver ficar velho justo quando nós estamos em excesso na sociedade. Principalmente quando algum de nós decide não estar à venda. Todavia, a alternativa de não chegar a ficar velho não me seduz nem um pouco. Já que estamos usando referências antigas posso lhe dizer que o nome do filme é “O céu pode esperar”.