Sou o Baby e você tem que me amar. O bordão se alternava com o personagem sendo jogado na parede. E assim mais uma vez a metáfora nos levava a catarse de sermos todos os personagens ao mesmo tempo: o bebê egocentrado e o pai despreparado que nunca sabia lidar com as pressões da vida adulta.
É dito que cães muitas vezes, mesmo sendo adultos, simulam ser filhotes a espera de uma adoção. Porém como podemos acolher seres que não passam de máquinas de fazer xixi, cocô que vêm acopladas com uma caixa de som terrivelmente ajustada para as notas mais agudas?
E voltando a ideia de que em sonhos, contos de fadas e metáforas somos todos os personagens: como adotar o menino egoísta que vive dentro de nós, principalmente sabendo que ele responde prontamente quando alguém chama o seu próprio nome?
Até mesmo penso que minha trincheira mais bombardeada pode encontrar raiz nesse fato. Melhor explicando: venho caminhado por aí lecionando até quem não quer estudar e as vezes é difícil explicar que a Terra é geoide. Talvez isso ocorra devido ao fato de que sob um ponto de vista local é o universo que se move ao redor de nosso PLANeta (lembremos que a própria palavra não prova que nada é plano – a etimologia vem do grego com significado de errante), ou ainda que as constelações não giram ao redor de seu umbigo.
Ao responder essa indagação acabo correndo o risco de (pare)ser arrogante. Trago verdades prontas há muitos verões esquecendo que uma autoestima exagerada me trouxe até aqui. Pode ser que eu desista de lhe convencer, afinal quem tem filho grande é elefante e quem tem filho com bigode é gato. Só que a coisa fica bem complicada quando sou ambos personagens. Então a tentação de matar esse menino que mora dentro de mim fica gigante ainda mais quando não é claro se ele é a expressão do príncipe de Maquiavel ou de Exupéry.
Cada uma das vezes que me perdi em minha própria arrogância a vida me deu uma porrada digna de Mike Tyson. Portanto não me diga que sou um cara legal por vontade própria, cheguei até aqui em uma trilha de menor esforço na mesma lógica do malandro que percebe ser muito vantajoso (pare)ser honesto.
Entre o menino chatíssimo(íssimo, íssimo, íssimo) e quem sou hoje há um cara com tantas histórias de perdas que nem vale a pena lembrar. Mesmo assim decidi carregar o principezinho comigo aonde quer que eu vá. Sei que de repente ele pode se soltar das amarras de uma torre qualquer jogando as tranças para encarar o mundo. Vez ou outra, vai dar bobeira e não entender que o humor não cabe em um velório ou coisa que o valha.
Outras vezes esse Reminho acerta em cheio e acolhe uma amiga na beira de um abismo, aceita o abraço da família ou simplesmente sorri quando vê um sapato velho e lembra de uma canção.
Se você estiver cansado desse cara espaçoso e inconveniente tudo bem, caso contrário estou por aí entre números, acordes e poesias na esperança de encontrar a criança que habita em você.
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