sábado, 22 de março de 2025

Arremessei o projétil no felino

O título dessa crônica leva a uma antiga discussão que tenho com meus colegas professores, pois na qualidade de nerds, o que sabemos fazer melhor na vida é sermos incompreendidos. Algo como o mecânico espertalhão dizer ao cliente incauto que o problema reside na rebimboca da parafuseta. Caso não tenha reconhecido a frase mencionada no título, esta é é o início de “Atirei o pau no gato” em uma versão traduzida do português das ruas para o português do Aurélio, sendo este muito usado para causar incômodo intelectual. O que não é pretendido neste texto, apesar de muitas vezes assumir que eu mesmo não me entendo.

Passei a noite em claro pensando que a canção popular tem muito a nos ensinar. O que passa desde a crueldade com animais ao fato que as histórias que contamos para as crianças quase nunca são infantis. Tudo piora quando me ocorre que o dono do gato pode ser um tal de Schroedinger e o felino pode estar em um estágio intermediário entre morto e vivo. Tudo isso temperado com a seguinte máxima sobre a iluminação atingida por Sidarta: “Se um mestre ensina como se iluminar e um discípulo o ouve, nenhum dos dois sabe do que está falando”. Ou seja, se estou versando sobre física quântica e você presta atenção é fundamental que nós estejamos prontos para determinar a medida de nossa ignorância sobre o assunto, sob o risco de parecermos fundamentalistas.

Então, para simplificar essa confusão vamos colocar os gatos do cientista e o preto que passa na rua em suas caixas, onde não podemos determinar seu estado de saúde ao serem transpassados por ondas eletromagnéticas ou pedradas. Tudo isso também pode ser determinado por outra brincadeira supostamente infantil. Coloquem um cara na frente de uma fila de crianças que o encaram enquanto ele repete aleatoriamente as palavras “vivo”, ou “morto” enquanto seu próprio corpo segue ou não as orientações proferidas.

Então quando minha professora de Pilates está particularmente cruel e me pergunta se estou vivo ou morto depois de meus músculos e pulmões não mais darem conta da demanda, costumo responder miando. O problema real acontece quando me perguntam se sou realmente livre e vivo. Por certo dona Chica iria se admirar de minha resposta felina e onomatopaica.

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