e nem tô aí
Acabei
de assistir o final de uma palestra brilhante de um baita educador. Didática
deve rimar com amor, com dedicação com colaboração.
Concordo, estamos mais preparados para
avaliar, medir, estabelecer quem são aqueles que têm e os que não têm o tal do mérito
para subir os degraus das escadas corporativas.
Isso
é profundamente válido para as crianças, que aguardam acolhimento e atenção. Meu
nicho de trabalho é outro, meu barato são adolescentes e jovens adultos. Estes
caras merecem saber que a sua vida não se define por uma nota ruim, ou na repetição
do martírio de mais um ano de ENEM.
Concomitantemente
já que é para falar de vestibular uma imagem não consegue escapar de minha
cabeça doída e doida. Todo ano choro de rir, rio de chorar; mas no fim das
contas o que chega é a depressão ao ver a mesma reportagem sobre o aluno que só
chega após o portão fechado.
Meu
Deus do céu e da Terra, mas será o Benedito! Será que esta criatura não consegue
chegar na hora certa, pelo menos no que poderia ser o dia mais importante de
sua vida?
Só
compreendi o que realmente acontece quando vi o novo filme do Thor (spoiler
alert), no qual o Ragnarok seria resolvido com os maiores inimigos de Asgard se
destruindo mutuamente. Caraca! Quem sabe mais do que eu sobre a mitologia
nórdica em meu vasto conhecimento derivado da leitura dos antigos gibis da
Marvel me corrija! Pelo que imagino este evento é o fim do mundo, o motivo pelo
qual Odin aceitou perder um olho. Um vale de lágrimas, corpos espalhados no chão,
desespero e fim. E Fim. E fim.
Tudo
bem eu acho o lance hollywoodiano mó barato! Mas não é o que eu esperava.
Do
mesmo modo eu não esperava que fizessem uma propaganda com o goleiro francês tomando
gol de pênalti de todos os brasileiros frustrados pela copa de 98.
Nem
mesmo esperava ouvir uma música sertaneja na qual a mulher traída se mostra tão
nobre a ponto de dar uma grana para seu futuro ex pagar uma prostituta.
O
que estes eventos têm em comum? Um jeito estranho de transformar uma tragédia em
algo mais palatável.
Afinal
quem disse que eu perdi alguma coisa? Essas uvas não me interessavam mesmo! Isso
não foi bem assim. A culpa não é minha. Não fui eu quem errei. Não é tão ruim.
O Brasil só perdeu por que vendeu a copa (Zidane esculachou de novo oito anos
depois? Quem é Zidane?).
O
que esquecemos é que desvalorizar as derrotas imediatamente fazem o contrário. Assim
como só entendemos a grandeza de alguém quando nós o perdemos.
As
crianças devem ser protegidas da competição selvagem e devem ser nutridas para
passo a passo aprender a lidar com um mundo feroz, que vai exigir que um piloto
de avião ou um médico não podem errar nunca. Que um errinho de conta de nada
derruba uma ponte, um marujo atrasado para pegar um navio é preso por deserção.
Enfim,
em algum momento o cara é (ou deveria ser) sacodido pela realidade na qual a
gazela e o leão tem que acordar cedo e correr um bocado, sob a pena de morrer
seja atacado ou de fome.
Enquanto
eu não consigo entender todos os aspectos desse processo, que tal fazer uma
vaquinha para dar um despertador para um vestibulando desavisado?
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