quarta-feira, 1 de novembro de 2017

e nem tô aí

Acabei de assistir o final de uma palestra brilhante de um baita educador. Didática deve rimar com amor, com dedicação com colaboração.
 Concordo, estamos mais preparados para avaliar, medir, estabelecer quem são aqueles que têm e os que não têm o tal do mérito para subir os degraus das escadas corporativas.
Isso é profundamente válido para as crianças, que aguardam acolhimento e atenção. Meu nicho de trabalho é outro, meu barato são adolescentes e jovens adultos. Estes caras merecem saber que a sua vida não se define por uma nota ruim, ou na repetição do martírio de mais um ano de ENEM.
Concomitantemente já que é para falar de vestibular uma imagem não consegue escapar de minha cabeça doída e doida. Todo ano choro de rir, rio de chorar; mas no fim das contas o que chega é a depressão ao ver a mesma reportagem sobre o aluno que só chega após o portão fechado.
Meu Deus do céu e da Terra, mas será o Benedito! Será que esta criatura não consegue chegar na hora certa, pelo menos no que poderia ser o dia mais importante de sua vida?
Só compreendi o que realmente acontece quando vi o novo filme do Thor (spoiler alert), no qual o Ragnarok seria resolvido com os maiores inimigos de Asgard se destruindo mutuamente. Caraca! Quem sabe mais do que eu sobre a mitologia nórdica em meu vasto conhecimento derivado da leitura dos antigos gibis da Marvel me corrija! Pelo que imagino este evento é o fim do mundo, o motivo pelo qual Odin aceitou perder um olho. Um vale de lágrimas, corpos espalhados no chão, desespero e fim. E Fim. E fim.
Tudo bem eu acho o lance hollywoodiano mó barato! Mas não é o que eu esperava.  
Do mesmo modo eu não esperava que fizessem uma propaganda com o goleiro francês tomando gol de pênalti de todos os brasileiros frustrados pela copa de 98.
Nem mesmo esperava ouvir uma música sertaneja na qual a mulher traída se mostra tão nobre a ponto de dar uma grana para seu futuro ex pagar uma prostituta.
O que estes eventos têm em comum? Um jeito estranho de transformar uma tragédia em algo mais palatável.
Afinal quem disse que eu perdi alguma coisa? Essas uvas não me interessavam mesmo! Isso não foi bem assim. A culpa não é minha. Não fui eu quem errei. Não é tão ruim. O Brasil só perdeu por que vendeu a copa (Zidane esculachou de novo oito anos depois? Quem é Zidane?).
O que esquecemos é que desvalorizar as derrotas imediatamente fazem o contrário. Assim como só entendemos a grandeza de alguém quando nós o perdemos.
As crianças devem ser protegidas da competição selvagem e devem ser nutridas para passo a passo aprender a lidar com um mundo feroz, que vai exigir que um piloto de avião ou um médico não podem errar nunca. Que um errinho de conta de nada derruba uma ponte, um marujo atrasado para pegar um navio é preso por deserção.
Enfim, em algum momento o cara é (ou deveria ser) sacodido pela realidade na qual a gazela e o leão tem que acordar cedo e correr um bocado, sob a pena de morrer seja atacado ou de fome.

Enquanto eu não consigo entender todos os aspectos desse processo, que tal fazer uma vaquinha para dar um despertador para um vestibulando desavisado? 

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