segunda-feira, 9 de setembro de 2019


Há um tal de Deus ex machina, um recurso literário comum, por exemplo no teatro grego, e saber disso teria me poupado um montão de lágrimas quando eu era moleque. A coisa funciona assim: o herói é posto em uma situação impossível para na ultimíssima volta do ponteiro ser salvo por algo que nada tem em comum com toda a trama.
Não é, pelo menos para mim, o melhor tipo de literatura. Sou mais adepto de caras como o Jorge Amado que põe as personagens em um tabuleiro qualquer e a partir de uma dinâmica (histórica, social), vão se comportar de um modo coerente com sua estrutura interna, aí teremos algo chamado verossimilhança.
Então você me pergunta, se eu não estou confundindo com o mundo real.
Não! Não! E não!
O mundo real é louco!
Só a arte pode ser coerente passo a passo, isto se não for a história de um super-herói japonês que passa a série toda apanhando e só vai vencer depois de uma luz vermelha se acender. O problema é que nessa altura do campeonato eu já teria ido embora chorando copiosamente, sem saber do final (impossível e) feliz.
 Perdoem-me o clichê, mas se não está legal é porque a história não acabou.
Mesmo assim não tem nada errado em sair chorando no meio do filme. Que as lágrimas façam o seu papel de expurgar o veneno, mas milagres acontecem.
Se você tem dúvida disto jogue uma semente no chão que algo inacreditável pode acontecer.
Mesmo que a gente demore a crer, o fato é que todo o baobá, já foi um dia, uma pequenina semente.


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