O primeiro contato emocional que tive com a palavra hate (odiar em inglês) ocorreu quando eu lecionava em um curso. Havia uma aluna com comportamento disruptivo que insistia em falar em português o tempo todo. Para tornar curta uma história longa... ela saiu da sala gritando comigo: “I hate you! I hate you! I hate you!”. Como não constumava levar para casa respondi: “Well, you really know how to speak in English when you want to”.
Hoje, esta palavra é usada para descrever pessoas que
buscam a fama com a seguinte técnica:
- Escolha alguém relevante;
- Fale algo absurdo e degradante;
- Bata boca o máximo que puder; e
- Parabéns você acabou de lacrar ou mitar (aqui a
escolha da palavra vai depender em qual ponta ideológica você se encontra).
Em resumo, acabou aquela história de que pode haver
luz depois de um debate. Isto já se foi há muito. A ideia é ter a palavra final
de preferência destruindo a reputação do inimigo. Coisa de adolescente.
Como me meti a dar aulas pela internet já recebi
algumas fatias desse bolo. No começo, os dislikes me incomodavam, agora entendo
que eles fazem parte do show, pois cem por cento de aprovação somente é obtido por aqueles
cujo público se restringe a robôs.
Como o primeiro hater a gente não esquece ficou
gravado o “estudar é para otário”. Só que depois de alguma reflexão cheguei à conclusão
de que meu interlocutor está certo. Quem estuda acaba aceitando a
responsabilidade de seus resultados e vai acabar sendo mais um pagador de
contas e impostos. Não é uma vida para quem é malandro.
Adoraria ter uma proposta razoável que não dependesse
tanto de uma ficção de minha cabeça doida e doída. Os clássicos propunham o meio
termo, entretanto o caminho do centro deixou de ser razoável. Por aqui o centro
virou centrão que é um espaço onde tudo de pior acontece.
Assisto mais um capítulo de Star Trek, e ainda
acredito no futuro. Estou cansado de pessoas que propõe uma solução messiânica
de um passado glorioso. Chega de esperar por Dom Sebastião. O futuro começa
agora com as pessoas que realizam e não com as que odeiam.
Ou seja, a resposta não está no passado, nos extremos
ou no meio termo. A única chance que temos é construir o futuro, e quando isto
acontece? Assim que eu terminar de escrever e você de ler. Não me odeie por
isso.