quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Gladiadores

 

 

Gladiadores são daquelas figuras bem diferentes na vida real e nos filmes. Não há qualquer novidade aqui: eles estão acompanhados por soldados, policiais, ninjas e bombeiros. Como não sei como é ser qualquer um dos outros, fico com os últimos (que no livro sagrado e em meu coração são os primeiros).

Sei que vocês esperam por histórias contando os feitos heroicos, mas 99,9% do tempo é de treinamento.

Ou seja, você treina, treina, treina para estar pronto para uma situação qualquer que pode nunca acontecer. E a sociedade agradece se nenhum avião cair, se nenhum ônibus capotar, se nenhuma casa desabar; enfim, se nada der errado. porém aviões caem, ônibus capotam e casas desabam.

Mas, não é sobre isso que quero falar.

Alunos ao redor do mundo todo também são os gladiadores modernos.

Ninguém vai se importar se você não sobreviver ao EAD, de vez em quando o leão ganha o jogo. O importante é exaltar um processo mais barato e funcional e pronto!

Se alguns gladiadores caírem no caminho... Bem, basta apontar o polegar para baixo que o problema some dos nossos olhos!

O importante é sobreviver, mesmo que o Coliseu tenha uma infinidade de armadilhas.

Hoje, a maior delas é a cultura do control C – Control V.

Vou passar ao longo da velha discussão sobre o que realmente é importante saber. Isto, a despeito da sensação inevitável: as pessoas que fazem questão de desprezar as leis de Newton são as mesmas que insistem que a Terra é plana.

Já cansei de falar sobre cola, sobre compra de gabaritos, ou pagar para outras pessoas fazer o seu TCC. Quero falar sobre uma sociedade cheia de pressão por resultados, ela quer, espera, troce, clama e exige: você vai ter um canudo para sobreviver. E mais uma vez o resultado é mais valorizado do que o processo.

Seja como for, o mundo também vai exigir o saber de coisas das quais você não tem a mínima ideia. Sua defesa será  um pouco de marketing e o velho jeitinho, então tudo dá certo.

Por outro lado, avaliar nunca foi a melhor atividade no processo de ensino-aprendizagem. Agora ficou impossível.

Me façam a gentileza de rever todo este problema diante de da perspectiva de quem ensina: vocês estão sendo avaliados por profissionais não menos pressionados, eles têm cada uma de suas aulas gravadas para futura conferência e possível apontar de dedos, cada um desses profissionais tiveram que comprar uma série de bugigangas sem terem como pagar.

Eles também são gladiadores.

Então quem de sã consciência pode culpar quem copia e cola uma prova prontinha para ter a chance de cumprir um prazo impossível, não importando em qual lado que esta pessoa esteja de um quadro negro virtual?

E o que tem isso haver com ser bombeiro, que eu disse no comecinho de meu texto?

Ser bombeiro é não ter o direito de colar: tudo que aprendemos deve estar como dizemos “na massa do sangue”, quando a crise acontece só há duas opções: ou você sabe o que fazer ou alguém morre.

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