Para Marco Resende o amigo que me trouxe um ramo de oliveira
Um dos maiores amigos que tenho responde pelo apelido de Geriba. Ele herdou o epíteto do alienígena que se opunha ao personagem do Dennis Quaid. Estávamos no Curso de Formação de Oficiais do Corpo de Bombeiros e tivemos uma questão tão importante, tão pivotal, que eu nem sei mais do que se tratava.
O tempo passou e as feridas se transformaram em
cicatrizes diáfanas que nem percebo mais. Porém, quando as chagas ainda estavam
abertas um dos pontos que me fez repensar toda aquela rivalidade veio do filme de
ficção científica com jeitão de blockbuster.
Após tentarem se matar mutuamente os dois opositores
entenderam que somente juntos eles poderiam sobreviver a um terreno mais que
inóspito.
Em um momento crucial o alienígena feioso recita belas
palavras de seu livro sagrado, para depois perguntar ao astronauta para qual
Deus ele dobrava os joelhos. A resposta foi... Mickey Mouse!
Na cena seguinte em um acesso de raiva Geriba
amaldiçoa o que seria mais sagrado para Dennis Quaid: Mickey Mouse. Este ao invés
de retribuir a agressão tem um ataque... de risos!
Após tentarmos nos agredir mutuamente recebi meu
estranho amigo no quartel que servi por mais de dez anos. Passados os tempos de cadete,
finalmente entendemos que somente juntos nós poderíamos sobreviver a um terreno
quase tão inóspito.
Para isso precisamos rever nossos conceitos do que
seria sagrado durante a Academia e assim amadurecer. Afinal, amigos não são necessariamente
aquelas pessoas que concordam em tudo e sim aquelas que toleram e aprendem com
as diferenças.
Também tive que reavaliar meus conceitos sagrados, sem
fundamentalismo e entender que algumas vezes eu tolamente também rezava para
Mickey Mouse.
Mudando totalmente de assunto, lhes convido a se posicionar
na Távola Redonda um segundo após o arrebatamento causado pelo Graal. Nesse
instante os cavaleiros se comprometem a busca do símbolo sagrado. Para isso é
necessário passar pela mata, onde não há qualquer trilha, pois o caminho é único
para cada um deles.
O meu é recheado de metáforas e de encontros
improváveis. Não espero que você entenda, do mesmo modo que não entendo o seu,
mas talvez, só talvez podemos rever as nossas posições sem tanta tensão e ver o
quanto do Mickey Mouse está lá, agarrado em nossas visões fixas e imutáveis do
que vem a ser sagrado. Assim se encontrarmos o Graal poderemos beber chope nele
juntos.