“Quando
eu não puder pisar mais na avenida,
quando
as minhas pernas não puderem aguentar...”
Sou professor.
Não é minha primeira profissão, mas sou de corpo, de
alma, de uma cabeça cansada e de calos nas pontas dos dedos.
E assim o sou porque tive o privilégio de ver os
melhores em ação. Os grandes mestres, os gênios, os homens e mulheres que serviram
de modelo. Referência e reverência aos sérios, aos bem humorados, aos
criativos, aos metódicos, aos exigentes, aos amigos. Todos geniais.
Como eu poderia seguir estes passos com meus pés
claudicantes? Lecionar é um ato de esperança, mas também de coragem. Tantos pares
de olhos miúdos seguindo meus movimentos, ciente que era modelo e inspiração.
Uma terrível responsabilidade.
Depois de tudo fica o vazio quando as luzes da ribalta
se apagam. Como passar este nobre papel para outros atores e atrizes?
Meu caminho começa com uma disputa boba: vivia as
turras com uma amiga que amava matemática e dizia que a ciência de Pitágoras e
Euler é a maioral, já eu defendia com todas minhas forças Newton e Einstein.
Nossos primeiros passos estavam apontando para o árduo e maravilhoso caminho de
ensinar exatas. Tudo que tínhamos era paixão pelos livros e fórmulas. Não
sabíamos então, que isso é quase tudo que é preciso (exato, necessário) para apontar
o norte. Ela não se desviou do caminho, eu dei muitas voltas.
Outra história é da menina que seguiu os passos do pai
ao entender que grandes mestres são antes de tudo generosos e gentis. Ah! Não se
esqueça da pitada de humor! Esta hoje ensina a ensinar.
Quem também cruzou meu caminho foi o jovem que fala
sobre a vida. Novas técnicas, novas tecnologias e muito a me ensinar na nova
jornada. Não fosse o suficiente ele está sempre na torcida. É impossível não
oferecer o meu máximo quando o vejo como que aos gritos de um torcedor
apaixonado.
Outro cara está ao meu lado, mesmo que distante. Ele traz
consigo a arte dos alquimistas que virou ciência. A pedra filosofal está ali na
esquina, basta que os alunos percebam o misto de esforço e excelência. Ele vai
brilhar.
Aula a distância me aproximou de dois futuros
professores: o que queria ser militar e o que quer se despedir da carreira.
Diversas vezes aprendemos juntos, logo eles saberão mais do que eu jamais pensaria
ser possível. É assim mesmo que deve ser. Professores são só bases de
lançamento.
Um dia vou parar de me preocupar com questões, vestibulares
e aulas. Este dia ainda não chegou, mas estou em paz. Quando vier sei que há muitos
que vão carregar a chama.
Meu anel de bamba ( se é que um dia o mereci)? Já passei
adiante!
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