Tem gente que sofre, tem gente que se adapta. Zé era
um sobrevivente e faria tudo o que é necessário para se adaptar.
O sistema está aí e não há muito o que se fazer sobre isso.
Então, o que lhe cabia fazer era fingir ser bem comportado para ganhar a cota toda.
Ele realmente não entendia para que tanta revolta e
costumava zombar dos meia-tigela. Portanto, vê-lo denunciar aquele outro roubando manga logo depois de tomar a caneca de leite não causou nenhum espanto
ao feitor.
E tanto informou sobre os maus feitos dos outros que
ele mesmo acabou sendo promovido. Sua subida nas escadas da vida foi meteórica
e logo lhe deram um chicote para desempenhar melhor o seu nobre trabalho.
Engana-se quem pensa que o pelourinho na Praça do Meio
era usado para escravos. Somente endividados, ladrões e prostitutas tinham o privilégio
de serem açoitados pelo Procurador Geral. Dos outros escravos da fazenda ele mesmo
cuidava amarando-os na acha do chiqueiro.
Bom mesmo eram as gurias que se aproximavam dele para
evitar a força de sua chibata. Porém, as que ele preferia eram aquelas que
resistiam aos seus encantos e lhe levavam a doce obrigação de sentir a força de
seu açoite. Para essas as manchas de sua calça de algodão eram as verdadeiras
testemunhas de seu prazer.
Tudo ia muito bem até o dia em que se distraiu e tocou
nas mechas louras de Nha Moça.
Mão esquerda amputada!
Tem gente que sofre, tem gente que se adapta. Zé era
um sobrevivente e faria tudo o que é necessário para se adaptar.
Definitivamente ele não precisava da outra mão para
segurar o açoite.
Podemos adaptar para os dias atuais ?Tem um monte de ze por ai.
ResponderExcluirÉ uma metáfora, portanto a interpretação é livre... bem diferente do Zé, pois qyem é promovido a capataz permanece escravo
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