quinta-feira, 7 de abril de 2022

Erar é umano


    Se um dia eu pudesse ver meu passado inteiro E fizesse parar de chover nos primeiros erros

Tenho seguido minha vida de desequilibrista entre os extremos de buscar algo melhor e tentar e deixar a vida me levar por tantos enganos que teimo em cometer.

Enquanto isso gravar vídeos com aulas tem sido o meu hobby nestes últimos quatro anos. Saiba, porém, que vídeos são espelhos em movimento que mostram o quanto estávamos longe de onde gostaríamos.

Seja como for, chega um momento em que devemos dizer para nós mesmos: “está bom o suficiente”; então, é o momento de publicar e ir adiante.

Sei que, como reza o ditado popular, o perfeito é inimigo do razoável. Um aprendizado que me veio a ferro e fogo. Literalmente. Anos e anos sendo bombeiro nos fazem entender que o relógio não espera e muitas vezes devermos agir rápido para encontrar a solução possível, seja ela qual for, até mesmo passar o facão em algum nó górdio.

A sala de aula não é muito diferente. Não devemos dar as costas muito tempo a uma turma de adolescentes, do mesmo jeito que não o faríamos com um mar bravio.

Tudo isso me faz ter pouca paciência com os teóricos do ar-condicionado, ou com os sábios de porta de bar. Sem a pressão, a refrega, a marca do pênalti; toda e qualquer decisão pode ser tomada com sabedoria. Na mesma medida deve parecer fácil saber o que fazer em um desabamento ou enchente, se você nunca pôs os pés na lama.

Agora tudo é diferente, posso regravar (eu não edito) qualquer aula que não me agrade. O recorde fica por conta da demonstração da maldita fórmula da hipérbole, que hiperbolicamente, teve que ser refeita não menos do que doze vezes.

Pior é quando um aluno comenta algo como: “aquela figura que você chamou de losango não seria um trapézio?”. Bem. Seria mesmo. É hoje que vou estragar o tal do algoritmo deletando um vídeo que já foi publicado. Mea culpa, mea máxima culpa.

Para evitar isso tenho que rever, e muitas vezes, e de quando em vez detonar algo que me deu umas duas horas de trabalho.

Tento dizer para mim mesmo que foi um ensaio.

Vai gostar de ensaiar assim lá na casa... do chapéu.

O outro extremo é a paralisia.

Já que nunca vou consertar de verdade talvez seja melhor desistir.

Lembro bem como resolvi esse problema quando eu atuava (essa é a palavra certa – todo professor é um ator) nas salas de aula da vida.

"Galera, eu erro mesmo, se eu fizer alguma besteira aqui me avisa que a vida segue". Sei que isso, contudo, é algo raro. Demanda uma tremenda humildade para ter essa postura, e somente anos de magistério me levaram a essa posição. Antes era mais fácil por a culpa no giz, ou dizer que só estava testando a turma.

Mas até que ponto podemos nos permitir errar?

Nas videoaulas procurei traçar uma linha vermelha ao redor do seguinte conceito; se o que houve foi um lapso, um erro de digitação ou de contas, e durante o próprio vídeo eu percebo, peço desculpas e corrijo o processo - tudo bem. Faz parte do show. Todavia se o erro é conceitual ou pode trazer alguma confusão mental àquele que está aprendendo; a tecla escrita DELETE está logo ali no canto superior direito.

Isso tudo leva ainda em consideração de que não aprendemos tudo que nos chega, do mesmo modo não ensinamos tudo que gostaríamos. Espalhamos migalhas de pão na trilha esperando que alguém as siga e de preferência não leve a casa de alguma bruxa.

Pode parecer ser um critério simples. Só que não! Está muito longe disso. Entre me perdoar pelo que faço e buscar o Santo Graal vivo tropeçando aqui e ali.

Para viver tudo isso é ainda muito mais complicado, muitas vezes não conseguimos distinguir entre o que é preciso e o que é preciso. Ou melhor entre o que é exato e o que é necessário. Mas essa resposta, pelo menos, o Fernando Pessoa já deu.

8 comentários:

  1. Pelo que sei , erramos ate aprender, esse e o grande segredo da vida.

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  2. Aprendemos a vida toda e morremos sabendo muito pouco

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  7. Perdoe-me, pois estou em construção. Esta deve ser nossa humilde resposta aos nossos possíveis detratores.
    Nascemos imperfeitos e morreremos imperfeitos. Portanto, o erro ou o errar será nosso eterno companheiro.
    Mas que bom!
    Bom???
    Sim!!!
    O erro nos permite revisar, rever, desconstruir para construir algo melhor. E isto se dá em todos os campos da nossa vida.
    O que não podemos é fazer do erro um hábito. Isto sim é indesculpável.
    Parabéns pelo texto Remo.
    Parabéns por nos dizer, e agora parafraseando o Mestre dos mestres, que devemos corrigir nossos erros hiperbolicamente e também perdoar setenta vezes sete.

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  8. Perdoe-me pelos erros na publicação do meu comentário. Eles não foram propositais.

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