sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Sobre a chance de ficar quieto

Foi uma tremenda gafe no meu último treino: parei lá no meio do estúdio de pilates, pedi a atenção de todos e fiz um tremendo discurso em homenagem a minha professora. Os presentes chegaram a uma nítida emoção. Assumo que tenho um certo jeito com as palavras e estava mandando muito bem, só não entendi quando terminei e tudo redundou em uma gargalhada geral, justo quando desejei feliz aniversário para a Val.

O problema é que não se tratava da data natalícia dela e sim o dia do profissional de educação física. O que com certeza explicava tantas congratulações para ela no grupo de zapzap.

Assim que conseguiu controlar a respiração de tanto rir a Aninha puxou minha orelha: “viu seu cabeçudo, vive reclamando que ninguém lê o que você escreve e é incapaz de interpretar uma simples conversa no zap”.

Mesmo com a cara de pimentão voltei a pedir a palavra e disse que mantinha tudo o que disse e que esperaria o aniversário dela para homenageá-la novamente, desta vez por ser professora.

Sou o príncipe das gafes. Lembro, por exemplo, quando estava curtindo uma onda como intérprete para um grupo de americanos do Texas em pleno auditório A do Quartel do Comando Geral do Corpo de Bombeiros. Para quem nunca fez isso tenham em mente que essa é uma das atividades cognitivas mais cansativas que há. Além do mais, naquele dia já havia traduzido por horas a fio. E lá vai o gringo dizer que o acidente com uma motosserra é comparável a um ataque de piranhas. É óbvio que quando ouvi a palavra entrei em pânico e acabei traduzindo como “manada de piranhas”. O riso estourou no auditório enquanto eu explicava para o Tio Sam o que estava acontecendo. Atônito ele perguntou como eu iria resolver isso. “Deixa comigo” a boa e velha frase que proferimos quando estamos prestes a piorar as coisas, imaginando que somente uma piada poderia salvar o dia, e assim mandei um: “Gente desculpa aí, todos sabemos que manada só pode ser de peixe-boi”. Fecha o pano!

Mesmo assim pode até ser que você queira saber o que disse lá no pilates, mesmo que eu não venha a lembrar das palavras exatas, mas foi algo que lembrava que a amizade é o amor sem ciúmes, grandes mestres são pessoas essencialmente generosas e que eu ficava feliz por ela ajudar a tanta gente.

Tenho uma queda pelos professores de atletas, mesmo quando o suposto atleta tem mais barriga que qualquer outra coisa. Por outro lado, minha física não vem junto com a palavra educação ela fica ali muitas vezes intransponível e aprisionada em um quadro de giz (referência de velho) enquanto a de vocês rodopia nos sorrisos das crianças de todas as idades.

Então fica aqui meu muito obrigado a todos vocês que generosamente nos tiram da inércia, nos dão uma força e aceleram nossos corações.

 

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