Você está andando de bicicleta em uma cidade grande qualquer no Brasil. Estaciona e a tranca para fazer um lanche. Ao voltar para pegar ela percebe que colocou o cadeado errado prendendo a roda ao quadro, como o que pode dar errado vai dar errado ainda mais (dá-lhe lei de Murphy) se dá conta que perdeu a chave.
O que você faz?
Se sua resposta (tem que ser sincera) é que você vai
andar arrastando a sua bicicleta até o chaveiro mais próximo sem sequer
imaginar que poderia ser incomodado por algum transeunte ou agente da lei, isso
me faz saber qual etnia você declarou para o CENSO do IBGE.
Sei que não tenho lugar de fala no assunto, a única
vez em minha vida que me senti discriminado foi quando fui impedido de entrar
num supermercado, isso aos oito anos de idade, ouvindo o segurança gritar “SAI
DAQUI PIVETE!”. É lógico que estava com meu traje normal na época: short curto
(herdado do Maninho), descalço e sem camisa. Naquele dia acabei aprendendo o
valor das aparências e que deveria disfarçar a origem de pobre vira-latas. O que
foi facilitado por não ter herdado tanta melanina.
Tais fatos me rondam justo quando soube que o tal do
Novo Ensino Médio traz um tal de projeto de vida e carreira, o que considero
ser um nome bonito para dizer “se vira aí, se der errado a culpa é sua”.
Podemos conversar sobre a tal da meritocracia. Por princípio
não seria a cor da pele, origem ou classe que deveriam determinar a capacidade
de alguém. Entretanto, só estarei disposto a realmente discutir esse assunto
depois que todos tiverem pão e livros.
Não sendo assim tudo redunda em um mal disfarçado
sistema de castas. Onde as exceções (me incluo) confirmam a regra. E isso
deveria encerrar o assunto. Porém prometo não lhe deixar no vácuo sobre o final
feliz das duas histórias.
Arrastei a bicicleta até o destacamento de bombeiros
onde peguei um tesourão emprestado da guarnição, um privilégio de quem é
veterano do casarão vermelho.
Na ocasião mais distante voltei para casa sem o café que
ia comprar. Meia hora depois o segurança do supermercado teve que se esconder
de minha mãe que sabia rodar a baiana como ninguém.
Como vc mesmo disse, filho de pobre q se forma e uma benção, porem temos evoluido a cada geração , nos mesmo nossos filhos e os netos se formaram, e assim vamos evoluindo .
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