Dentre as coisas que me meti a fazer no ano passado está o corajoso ato de aprender a tocar violão. Estou à beira dos 60, então esse projeto tem algumas coisas fáceis e outras coisas difíceis, vamos a elas:
Cantar junto é fácil, acertar o ritmo é difícil. Entender
com a cabeça a lógica matemática da música tem sido fácil, tocar e achar o
tom certo com as mãos é difícil. Encontrar tempo para tocar, agora que estou
aposentado é fácil, convencer a Aninha que não tenho nenhuma outra obrigação é
difícil. Ter dedos calejados é fácil, lidar com o corpo caloso do cérebro é difícil.
Imagina cantar e tocar em público! Pra mim é fácil,
para a Aninha é quase impossível, consequência de tanto óleo de peroba que passei
na minha cara ao longo dos anos.
Difícil mesmo é traduzir Yesterday justo na frase em
que diz “não sou a metade homem que costumava ser”. Pensa bem... há meia hora
eu era bombeiro, um sonho de quase todo mundo que conheci, não importa muito
que para mim muitas vezes não passou de uma realidade dura. Simplesmente encarnei
o arquétipo. Do mesmo jeito que aqui e agora encarno outro: o do contador de
estórias.
Mesmo assim já escolhi mais uma música para aprender. Se
fui de Paul Yesterday vou de Lennon tomorrow.
E faço isso porque estou vivo e penso que o dia só se
completa se eu aprender algo novo, mesmo que seja apenas um acorde. Concorda?
Ainda tenho que ler o terceiro livro do Patrick
Rothfuss, aquele desgraçado que está me enrolando e não publica o “Doors of
stone” de jeito nenhum. Ainda vai sair outro filme do Avatar. Uma série nova de
Jornada nas estrelas está no forno. Ainda não entendi direito os detalhes do
movimento rotacional, imagina então aprender o que é campo quântico!
Talvez seja muito. Amanhã será um novo dia, até lá só
quero aprender a tocar imagine. Quem sabe Papai do Céu me concede essa graça?
No fim das contas aqui estou eu, do mesmo jeito que
minha mãe estava justo um mês antes de partir quando me disse: ‘tenho muito a
aprender”. Também tenho querida, e um violão tem me ajudado um bocado.
O céu é o limite .
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