domingo, 1 de janeiro de 2023

Só mais um dia

 

Dentre as coisas que me meti a fazer no ano passado está o corajoso ato de aprender a tocar violão. Estou à beira dos 60, então esse projeto tem algumas coisas fáceis e outras coisas difíceis, vamos a elas:

Cantar junto é fácil, acertar o ritmo é difícil. Entender com a cabeça a lógica matemática da música tem sido fácil, tocar e achar o tom certo com as mãos é difícil. Encontrar tempo para tocar, agora que estou aposentado é fácil, convencer a Aninha que não tenho nenhuma outra obrigação é difícil. Ter dedos calejados é fácil, lidar com o corpo caloso do cérebro é difícil.

Imagina cantar e tocar em público! Pra mim é fácil, para a Aninha é quase impossível, consequência de tanto óleo de peroba que passei na minha cara ao longo dos anos.

Difícil mesmo é traduzir Yesterday justo na frase em que diz “não sou a metade homem que costumava ser”. Pensa bem... há meia hora eu era bombeiro, um sonho de quase todo mundo que conheci, não importa muito que para mim muitas vezes não passou de uma realidade dura. Simplesmente encarnei o arquétipo. Do mesmo jeito que aqui e agora encarno outro: o do contador de estórias.

Mesmo assim já escolhi mais uma música para aprender. Se fui de Paul Yesterday vou de Lennon tomorrow.

E faço isso porque estou vivo e penso que o dia só se completa se eu aprender algo novo, mesmo que seja apenas um acorde. Concorda?

Ainda tenho que ler o terceiro livro do Patrick Rothfuss, aquele desgraçado que está me enrolando e não publica o “Doors of stone” de jeito nenhum. Ainda vai sair outro filme do Avatar. Uma série nova de Jornada nas estrelas está no forno. Ainda não entendi direito os detalhes do movimento rotacional, imagina então aprender o que é campo quântico!

Talvez seja muito. Amanhã será um novo dia, até lá só quero aprender a tocar imagine. Quem sabe Papai do Céu me concede essa graça?

No fim das contas aqui estou eu, do mesmo jeito que minha mãe estava justo um mês antes de partir quando me disse: ‘tenho muito a aprender”. Também tenho querida, e um violão tem me ajudado um bocado.

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