Em breve meu novo violão estará pronto, investi um bocado quando seria muito mais fácil desistir. Ou melhor, fiz ambas coisas (aqui o corretor insiste em colocar “as” antes de coisas – pode até ser o certo – só que já serei redundante o suficiente sem a primeira carta do baralho) como já foi cantado pelo Renato Teixeira em sua longa Romaria. Mesmo assim sigo com calos e tendinites para provar que treino de verdade.
Recebo a mensagem do luthier, um cara que tem oceanos
e firmamentos no nome. No vídeo vejo que o bebê está prestes a nascer. O violão
esperado está ficando lindo. Sinto uma tremenda vontade de ir lá correndo. Apesar
disso apenas respiro, justo quando tento aprender que as águas de março hão de
chegar com todo seu poder destrutivo e paradoxalmente fazer uma das músicas
mais lindas que já ouvi.
Sei que tenho que me esforçar muito para quando ele
chegar aqui em casa com suas seis cordas, o pinho possa ter um mínimo de respeito
pelo meu coração de estudante. Afinal será o instrumento de um profissional nas
mãos de um amador, ou até um amado amante.
A tablatura mostra um sinal estranho, através das
lentes e uma nascente catarata me lembram um passarinho. Silêncio, ele está
dormindo. Vejam como é lindo... Lembro da poeta que me ensinou que a há uma asa
ritmada escondida em letras, versos, estrofes e harmonias.
O som do silêncio vem, mesmo assim me esforço para não
ficar paralisado e entender que sem ele as penas não se abririam no sabor
sincopado que estranhamente combinam vida e arte.
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