Estou as voltas com um longo aprendizado no violão e não há dia que ele não ensine algo. Por exemplo: Edelwiess é em ritmo de valsa e até agora aprendi (ou quase) três versões. Uma cantada, para tristeza de que me ouve. Outra orquestrada, tão simples que até eu toco. E a que estou sofrendo para aprender agora.
Resultado. Lembrei do filme. Simplesmente estupendo. No qual uma freira indecisa ensina para sete pestinhas que para fazer música bastam sete notas. Ai que dó! Na trama ela conhece o viúvo que faz com que ela mude de sacramento e passe de governanta a esposa. Não fique chateado com o spoiler, pois esse filme é de 1965, portanto apenas um ano mais novo que eu.
Como nos bons contos de fadas tudo é só felicidade. Ou deveria ser. O problema é que a abastada família, paradoxalmente não segue seus pares e se opõe com bravura ao nazismo. Assim o “felizes para sempre” ocorre com eles fugindo com uma mão na frente e a outra atrás, ao som de uma belíssima trilha que diz que as montanhas estão vivas ao som da música.
Quando vi pela primeira vez fiquei encantado, porém uma pontinha de tristeza me tocou sem saber exatamente de onde vinha. Volto pela trilha, tal qual paralelepípedos amarelos (de outro filme) sabendo hoje que apenas reconhecer notas não faz de ninguém um músico, do mesmo modo que assistir uma aula que exalta os baluartes de uma nação não forma ninguém em história.
A melancolia se transforma em terror, apesar de todo colorido da tela que na época era estado de arte (Eita! palavra adequada para o texto!). Pois saber que eles estavam a fugir de um bando de velhos nazistas já estava explicito na obra. Ver o menino de 17 quase chegando aos 18 soprar o apito (que poderia ser de cachorro) é de tirar o sono.
É mais fácil encarnar nazistas em figuras como o Caveira Vermelha, ou algum general decrépito. Ver um belo rapaz tomando essa atitude é mais uma lembrança da triste transformação que pode ocorrer sob as nossas barbas. Meu coração juvenil ao ver a trama lidava com ela como algo resolvido, que jamais poderia recorrer. Hoje penso que assim como Urânio pode se degradar em Plutônio, nossas relações sociais podem trazer de volta nossos piores pesadelos.
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