LÁGRIMAS NO PARAÍSO
“Você saberia o meu nome se me visse no
paraíso?” Pergunta Eric Clepton ao seu filho que se foi, a quem ele pede forças
para suportar a perda.
Na época da música eu lecionava inglês em uma
escola e física na outra, logo após assistir a reportagem sobre o acontecido
utilizei a bela balada nas duas aulas do dia seguinte em diferentes escolas.
Na aula de inglês discuti a construção usando o
condicional. A palavra se, é o que
motiva a maioria dos textos que tentam redimir de nossas culpas: se o Toninho
Cerezo não tivesse passado aquela bola gratuita para o Paolo Rossi, se o
capacete do Senna fosse um pouco mais resistente, se mais pessoas
compreendessem Ghandi... E finalmente se eu tivesse outra chance!
A de física esbarrava no conceito de velocidade
e algo que sempre procurei discutir com meus alunos: estamos muito preparados
para associar risco à altura em que estamos, mas nem sempre à velocidade. Penso
que tal fato ocorre devido a anos de evolução, pois não somos animais muito
velozes, e a queda era um dos maiores riscos que sofriam os nossos ancestrais.
Perguntei aos alunos se haveria realmente
necessidade de usar o capacete para andar de moto a 36km/h, a resposta foi
unanimemente negativa, então perguntei: “E se eu jogasse um de vocês do 2º
andar?”, o coro de: “Que pavor professor!” não foi menos unânime. Mas basta
fazer as contas para saber que e a velocidade ao chegar no chão ao cair de 5
metros é justo 36 km/h.
Todas estas discussões passam ao largo do
básico: estamos tão alucinados para produzir, correr e enriquecer, que acabamos
esquecendo que devemos despender uma boa energia para agir com segurança.
O drama humano não é menos importante: lembro
que ao ver a foto, do filho do famoso guitarrista, fui acertado em cheio pela
semelhança que o menino tinha na época com o meu sobrinho. E o óbvio fato de
que nenhum pai merece ver a partida de sua prole deste modo.
Por isso e mais um pouco apelo ao seu bom
senso, da próxima vez em que você quiser saber o preço de um equipamento que
pode proteger a si mesmo ou a sua família, não pergunte a lojistas ou
especialistas. Pergunte a uma das maiores lendas do rock quanto ele daria por
uma rede na janela do 10º andar.
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