sexta-feira, 17 de agosto de 2012


LÁGRIMAS NO PARAÍSO

“Você saberia o meu nome se me visse no paraíso?” Pergunta Eric Clepton ao seu filho que se foi, a quem ele pede forças para suportar a perda.
Na época da música eu lecionava inglês em uma escola e física na outra, logo após assistir a reportagem sobre o acontecido utilizei a bela balada nas duas aulas do dia seguinte em diferentes escolas.
Na aula de inglês discuti a construção usando o condicional. A palavra se, é o que motiva a maioria dos textos que tentam redimir de nossas culpas: se o Toninho Cerezo não tivesse passado aquela bola gratuita para o Paolo Rossi, se o capacete do Senna fosse um pouco mais resistente, se mais pessoas compreendessem Ghandi... E finalmente se eu tivesse outra chance!
A de física esbarrava no conceito de velocidade e algo que sempre procurei discutir com meus alunos: estamos muito preparados para associar risco à altura em que estamos, mas nem sempre à velocidade. Penso que tal fato ocorre devido a anos de evolução, pois não somos animais muito velozes, e a queda era um dos maiores riscos que sofriam os nossos ancestrais.
Perguntei aos alunos se haveria realmente necessidade de usar o capacete para andar de moto a 36km/h, a resposta foi unanimemente negativa, então perguntei: “E se eu jogasse um de vocês do 2º andar?”, o coro de: “Que pavor professor!” não foi menos unânime. Mas basta fazer as contas para saber que e a velocidade ao chegar no chão ao cair de 5 metros é justo 36 km/h.
Todas estas discussões passam ao largo do básico: estamos tão alucinados para produzir, correr e enriquecer, que acabamos esquecendo que devemos despender uma boa energia para agir com segurança.
O drama humano não é menos importante: lembro que ao ver a foto, do filho do famoso guitarrista, fui acertado em cheio pela semelhança que o menino tinha na época com o meu sobrinho. E o óbvio fato de que nenhum pai merece ver a partida de sua prole deste modo.
Por isso e mais um pouco apelo ao seu bom senso, da próxima vez em que você quiser saber o preço de um equipamento que pode proteger a si mesmo ou a sua família, não pergunte a lojistas ou especialistas. Pergunte a uma das maiores lendas do rock quanto ele daria por uma rede na janela do 10º andar.

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