segunda-feira, 3 de abril de 2023

Sobre leões, suricates, javalis, porcos e raposas

Disparado a cena mais engraçada da história do cinema vem de o Rei Leão. Ocorre quando Timão e Pumba dançam a hula para distrair as hienas.
Mais recentemente fui ver a versão mais realista e fiquei decepcionado. A tal cena foi cortada por problemas de verossimilhança. O que faz todo o sentido, no entanto, me obriga a lembrar que jamais podemos deixar a verdade atrapalhar uma boa estória. Entenda, definitivamente, que a única obrigação da ficção é ter coerência interna.
Posso até me socorrer da Fazenda Modelo de Orwell para deixar muito claro como os porcos se comportam, o que é confirmado pelos pigs dos Beatles.
A coerência interna da cena é baseada na amizade de Timão e Pumba, o que faz com que o javali se comporte como um suricate.
Imagina um ser simplesmente apetitoso se expor totalmente para seus predadores só para proteger o bando, mesmo que não tenha nenhum filhote seu em jogo? Pois é o que os pobres, escravos e suricates fazem.
Simplesmente porque quando a vida é dura e você é presa talvez uma alternativa seria ampliar seu conceito de família e estender a todos que  você ama.
Enquanto isso o porco pode dizer tranquilamente:"Já vali muito, quando ainda não havia aberto mão de minha força ancestral". 
Já das hienas, tudo que posso dizer é: se afaste assim que puder. Canso de dizer que a maior vantagem de ser aposentado é o prazer de só lidar com gente boa. Então se tiver de estar ao lado de quem quer sua carniça tenha muito cuidado.
E o que dizer dos leões? Bem, eles são o símbolo da realeza, então não se iluda, eles só vão cuidar dos que são leões. Ou seja, se você é um servo em um esquema feudal lembre-se do ditado. O melhor lugar para ficar é à frente dos burros, atrás dos arcos e longe dos cardeais.
Hoje, contudo, tudo o que penso é como ser uma raposa do Èxuperi e perceber que o humor de todas as estrelas é determinado pelo destino de só uma rosa.

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