domingo, 5 de abril de 2020

Toca Music and me na doce voz do Michael Jackson, algo antigo, do tempo em que ele ainda não tinha vergonha de ser negro. Mal termina, logo emenda Thank you for the music do ABBA. Penso: duas músicas gêmeas. Não é só isso. Elas quase são eternas.

Já falei coisa parecida. Não dá para comparar o que resistiu ao tempo (Chronos é devorador) com o que é feito hoje.

Falo simplesmente que há músicas que vêm em pares. Outras são eternas.
Ou seja, não dá para cantar Ronda sem emendar com Sampa.

Não dá para ouvir Antônio Marcos cantando Como vai você? sem que o pensamento não escape para em One day in your life na voz, não menos emocionada, de Johnny Mathis.

Observe bem que não estou falando de plágio, como o sofrido pelo Jorge Ben (sem o jor do numerologista) que foi terrivelmente clonado pelo pop star inglês. O que digo é sobre o fato de que certas coisas são universais. O sentimento é o mesmo! Então, entendo o porquê de o Milton Nascimento ter composto Certas canções logo após ouvir Ebony and ivory.

Talvez, só talvez... Platão esteja certo e deva haver um mundo de cristais. Um lugar onde a Mente crie a realidade. Então, alguém vai lá e consegue descrever a sua viagem de um modo razoavelmente próximo. Afinal, não dá para conceber o mundo antes de certas canções.


Então está dito: The long and widding road já fazia muito carro derrapar antes mesmo do Paul rabiscar os primeiros acordes. She já desfilava sua beleza antes de Charles Aznavour entoar a primeira nota. E As águas de março sussurravam sua fúria cíclica nos ouvidos do Tom ao ver a destruição causada pelo Rio Preto.

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