Toca Music and me na doce voz do Michael Jackson,
algo antigo, do tempo em que ele ainda não tinha vergonha de ser negro. Mal
termina, logo emenda Thank you for the music do ABBA. Penso: duas músicas
gêmeas. Não é só isso. Elas quase são eternas.
Já falei coisa parecida. Não dá para comparar o que
resistiu ao tempo (Chronos é devorador) com o que é feito hoje.
Falo simplesmente que há músicas que vêm em pares. Outras
são eternas.
Ou seja, não dá para cantar Ronda sem emendar
com Sampa.
Não dá para ouvir Antônio Marcos cantando Como vai
você? sem que o pensamento não escape para em One day in your life
na voz, não menos emocionada, de Johnny Mathis.
Observe bem que não estou falando de plágio, como o
sofrido pelo Jorge Ben (sem o jor do numerologista) que foi terrivelmente
clonado pelo pop star inglês. O que digo é sobre o fato de que certas coisas são universais. O
sentimento é o mesmo! Então, entendo o porquê de o Milton Nascimento ter composto
Certas canções logo após ouvir Ebony and ivory.
Talvez, só talvez... Platão esteja certo e deva haver
um mundo de cristais. Um lugar onde a Mente crie a realidade. Então, alguém vai
lá e consegue descrever a sua viagem de um modo razoavelmente próximo. Afinal, não
dá para conceber o mundo antes de certas canções.
Então está dito: The long and widding road
já fazia muito carro derrapar antes mesmo do Paul rabiscar os primeiros acordes.
She já desfilava sua beleza antes de Charles Aznavour entoar a primeira
nota. E As águas de março sussurravam sua fúria cíclica nos ouvidos do
Tom ao ver a destruição causada pelo Rio Preto.
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