A cena seria comum no Rio de Janeiro na década de 70, um motorista faz uma barbeiragem e o outro grita a plenos pulmões” Seu palhaço!”. Acrescento que há pessoas que sofrem de coulrofobia, traduzindo, o medo irracional de palhaços. Como simplesmente a-d-o-r-o arte popular esses fatos nunca fizeram sentido para mim.
Iria morrer na ignorância se não tivesse aprendido que há uma profunda diferença entre palhaços e bufões. Afinal, como já sabido linguagem e história são fundamentais para uma compreensão mínima do mundo que vivemos. Então vamos lá.
Palhaços são figuras frágeis que representam a condição humana, eles convidam o público a rir deles. Bufões, por outro vão escarnecer dos presentes e quando confrontados têm ao seu favor o chamado animus jocandi, que em tese os permitia bufar até de reis (pelo menos até quando não fossem enforcados). São como luz e sombra que convivem lá no íntimo de cada um de nós.
Tudo isso apareceu quando meu melhor amigo me chamou de “coió de mola”. Depois de rir até deslocar a mandíbula tive a curiosidade de pesquisar. Logo o Google me socorreu dizendo que se trata do nome brasileiro de um brinquedo conhecido como Jack in a box, o que remeteu a segunda pesquisa... Bem, sabe aquele bonequinho que salta de uma caixa para dar sustos? Pois é.
Resta saber se se trata de um palhaço ou um bufão. A resposta é difícil. Dessas onde texto e contexto se encontram. Pois depende de quem faz a piada e para quê.
Para não lhe deixar na mão vou oferecer dois mapas, um para adultos e outro para crianças. Para essas fica a seguinte lição: amigos riem com você, idiotas riem de você. Para aqueles a dica: palhaços lhe ensinam empatia, bufões ridicularizam.
Encerro com o seguinte convite. Quando você souber de alguém que conta piadas racistas, misóginas, daquelas que incentivam a bater em homossexuais, fazem galhofas de quem passa fome ou está doente; sinta-se à vontade de xingar. A palavra certa é: bufão!
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