quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Cosmos

Meu engenheiro predileto tem transformado fumaça em algo parecido com um sabonete Phebo, não é um trabalho qualquer. O tal do gás carbônico pode nos levar a uma catástrofe sem precedentes, então pode até ser que ele esteja salvando um pálido ponto azul, que era como Sagan chamava essa nave que nos leva a um futuro incerto.

Refleti sobre isso enquanto (ou)via um podcast, no qual o interlocutor reclamava de que algum idiota teria enviado uma nave aqui da Terra com diversas saudações e até música do Tom, e ainda dizendo a nossa localização. Afinal um alienígena “do mal” poderia saber exatamente onde nos encontrar, dando uma daquelas lacradas lindas que só podcasters sabem fazer, para mostrar o quanto são espertos.

O tal cara responsável por mandar essa mensagem em uma garrafa não tinha essa preocupação, você pode achar ele aqui mesmo no primeiro parágrafo. De forma alguma penso que ele possa nos ter posto em risco, por uma quantidade de motivos tão inumeráveis que nem vou me arriscar em começar. Talvez uma simplificação seja necessária, partindo dos parâmetros que temos do único planeta no qual já pus os pés. Há uma enorme chance de que a espécie dominante de um sistema solar qualquer seja um predador (até aí estou me escondendo debaixo da cama), todavia se algum dia esta seja capaz de viagens interestelares, também terá a capacidade de auto destruição. Enfim, só dá pra chegar lá quem é capaz de uma evolução ética compatível com a tecnológica.

Assim a Voyager já deve estar bem longe com essas preciosas informações sem me causar qualquer temor. O risco está aqui mesmo, entre guerras, relações de consumo, ganância, intolerância e nossa incapacidade de realmente entender o quanto estamos agindo de um modo autofágico.

Na mesma época em que o outro talento de Sagan desabrochava em sua incrível capacidade de divulgar ciência; um famoso comediante dizia para outro, não menos famoso, que não estava nem aí para a extinção do mico leão dourado. Espero que VOCÊ esteja, pois não estamos dando fim a só uma ou outra espécie, chegamos ao ponto de destruir florestas e recifes de corais inteiros. O que também nos coloca na lista de espécies em risco de extinção.

Cabe sempre lembrar que todo o filme de tragédia global começa com um cientista que não é ouvido. Mas para não terminar esta história de um modo tão triste vou contar pra vocês algo tão antigo, mas tão antigo, que é bem capaz de ser uma novidade. Em um dos meus episódios prediletos de Jornada nas Estrelas a tripulação da Enterprise se esforça para devolver um piloto da Força Aérea ao seu próprio tempo nesse pálido ponto azul em pleno século XX. Todo esse esforço fora feito para não interferir na história o que causaria um paradoxo de fluxo temporal (adoro quando posso usar essa expressão para mostrar o quanto sou nerd!), pois o filho dele iria fazer algo essencial para a humanidade.

Sabe o engenheiro do começo desse texto? É meu filho!

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