Meu engenheiro predileto tem transformado fumaça em algo parecido com um sabonete Phebo, não é um trabalho qualquer. O tal do gás carbônico pode nos levar a uma catástrofe sem precedentes, então pode até ser que ele esteja salvando um pálido ponto azul, que era como Sagan chamava essa nave que nos leva a um futuro incerto.
Refleti sobre isso enquanto
(ou)via um podcast, no qual o interlocutor reclamava de que algum idiota teria
enviado uma nave aqui da Terra com diversas saudações e até música do Tom, e
ainda dizendo a nossa localização. Afinal um alienígena “do mal” poderia saber exatamente
onde nos encontrar, dando uma daquelas lacradas lindas que só podcasters
sabem fazer, para mostrar o quanto são espertos.
O tal cara responsável por
mandar essa mensagem em uma garrafa não tinha essa preocupação, você pode achar
ele aqui mesmo no primeiro parágrafo. De forma alguma penso que ele possa nos
ter posto em risco, por uma quantidade de motivos tão inumeráveis que nem vou me
arriscar em começar. Talvez uma simplificação seja necessária, partindo
dos parâmetros que temos do único planeta no qual já pus os pés. Há uma enorme
chance de que a espécie dominante de um sistema solar qualquer seja um predador
(até aí estou me escondendo debaixo da cama), todavia se algum dia esta seja
capaz de viagens interestelares, também terá a capacidade de auto
destruição. Enfim, só dá pra chegar lá quem é capaz de uma evolução ética
compatível com a tecnológica.
Assim a Voyager já deve
estar bem longe com essas preciosas informações sem me causar qualquer temor. O
risco está aqui mesmo, entre guerras, relações de consumo, ganância, intolerância
e nossa incapacidade de realmente entender o quanto estamos agindo de um modo
autofágico.
Na mesma época em que o
outro talento de Sagan desabrochava em sua incrível capacidade de divulgar ciência; um famoso comediante dizia para outro, não menos famoso, que não estava nem aí
para a extinção do mico leão dourado. Espero que VOCÊ esteja, pois não estamos
dando fim a só uma ou outra espécie, chegamos ao ponto de destruir florestas e
recifes de corais inteiros. O que também nos coloca na lista de espécies em
risco de extinção.
Cabe sempre lembrar que
todo o filme de tragédia global começa com um cientista que não é ouvido. Mas para
não terminar esta história de um modo tão triste vou contar pra vocês algo tão
antigo, mas tão antigo, que é bem capaz de ser uma novidade. Em um dos
meus episódios prediletos de Jornada nas Estrelas a tripulação da Enterprise se
esforça para devolver um piloto da Força Aérea ao seu próprio tempo nesse
pálido ponto azul em pleno século XX. Todo esse esforço fora feito para não interferir
na história o que causaria um paradoxo de fluxo temporal (adoro quando
posso usar essa expressão para mostrar o quanto sou nerd!), pois o filho dele iria
fazer algo essencial para a humanidade.
Sabe o engenheiro do
começo desse texto? É meu filho!
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