O livro que mais me ensinou literatura não era didático, pelo menos não na área citada, era um livro sobre psicologia que destrinchava a relação entre a Chapeuzinho e o Lobo. Nele a figura paterna foi seccionada entre o Lobo e o Lenhador. Eles são os polos opostos de um pai ausente da história e quem sabe da vida da menina que se perde no seu próprio inconsciente.
A partir de então o limiar de uma
percepção sutil colidiu à minha frente. Deste modo Wilson e House, da série homônima
se revelaram ser diferentes aspectos de um único médico desintegrado entre o
conhecimento técnico, a relação com os paci(m)entes e os outros profissionais. Pois
se assim não fosse os diálogos seriam internos e incompreensíveis ao público. O que
vamos combinar estragaria a dinâmica da série e os conflitos deliciosos. Todavia,
essas dimensões ultrapassam de longe o maniqueísmo comum dos contos de fadas
após o crivo da Disney.
Outra possibilidade é a
transformação de um ser em um objeto, algo como o Cortiço de Aluísio de Azevedo,
o telefone no filme Atração fatal ou a bola do náufrago, Tom Hanks. O destaque
especial vai para o Hal de 2001. Contudo, o mesmo não pode ser dito do
replicante do Blade runner, pois esse era certamente mais humano que as
unidades de carbono que o perseguiam.
Há até a possibilidade que esse pequeno
texto lhe abra uma porta sem direito a volta, então se perca na Matrix e lembre
o que o Neo aprendeu sobre conhecer e atravessar portas.
A cesta de doces vai formar a inteminável aliança entre a vó, que nutriu a mãe e vai ser cuidada pela neta. Se trata de uma trindade humana. Enquanto a figura masculina foi separada entre o bem e o mal, a
feminina o foi através do tempo. Assim menina, mulher e velha se espremem na
floresta em busca de um caminho de uma paz improvável entre dois lobos famintos.
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