domingo, 6 de abril de 2025

O feitiço do tempo

A tal da sincronicidade é algo bem estranho, enquanto estou aqui as voltas com o violão um pensamento incomum faz lembrar de um antigo filme estrelado por Bill Muray. Nele um dia se repete indefinidamente, até que o protagonista desiste de lutar contra sua tendencia de pensar que tudo é tedioso e decide aprender com a insistência de seus dias serem sempre iguais. Aqui cabe explicar que estou também aprendendo a ler uma tal de tablatura, uma simplificação da partitura com diversos números se espremendo entre seis, intermináveis, linhas.

Sei que figurinha repetida não completa álbum, porém algumas delas insistem e reaparecer, no caso da tablatura em particular vira e mexe percebo que estou tocando a mesma linha ao invés de seguir adiante. Então, lá vou eu sofrendo o mesmo que a personagem que nunca acorda para o amanhã. Até mesmo em momentos improvaveis estou com o violão no colo repetidamente dedilhando: polegar, anelar, médio, indicador, polegar, anelar, médio, indicador... Só assim consigo, por exemplo, ver um jogo do Vasco até o fim. Com os sucessivos erros de sempre (sejam meus do Gigante da Colina). Mais tarde vejo no youtube os comentários de André Schmidt, no Blog do Garone, nele ouço que o time mais parece ter saído do filme “O dia da Marmota”.

Agora chega o momento em que você pode se sentir a vontade de reclamar de eu falar de sincronicidade tentando juntar violão e Vasco, youtube e cinema. E perguntar onde tudo isso se encaixa. O fato é que eu e o Garone estamos citando o mesmo filme, que pode ser chamado como o comentarista o fez ou com o título desta crônica.

Como a história se passa em 1993, eu estava sob a influência de Alan Kardec (não o atacante formado na nossa base) me pareceu bem óbvio que a película (outra referência que mostra como essa conversa é antiga, ninguém usa isso para substituir a palavra filme hoje em dia) que tudo era uma metáfora para a reencarnação. Como desisti dessa visão espiritual, cabe lembrar que o que Heráclito disse sobre entrar no mesmo rio.

Enfim, ora penso que se estou tocando o mesmo trecho de uma canção ou estou relendo um livro é sinal de que ainda há, paradoxalmente, algo novo. O risco é de ficarmos presos a círculos que não levam a lugar nenhum. Como já disse Beto Guedes “a lição sabemos de cor, só nos resta aprender.

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