CHICLETE
DE CANGURU
Não sei como se escreve, mas deve ser
algo do tipo kan goo roo; porém,
independente da grafia (que deve estar errada!) esta frase significa “eu não
entendo”, na língua dos aborígines australianos. E como eles não sabiam inglês
isto era o que os colonizadores mais ouviam. Então, os doutos súditos da rainha
pensaram que o curioso marsupial que viam naquelas terras assim se chamava.
Por outro lado o Rio de Janeiro
recebeu este nome porque a Baia da Guanabara, vista de longe por marinheiros
que certamente ansiavam por água doce, parecia um rio.
Podemos concluir que Rio de Janeiro e
Cangurus têm em comum enganos históricos. Enganos belos é verdade, no entanto,
quero compará-los a um outro nada agradável: vi na TV a imagem de um passarinho
que morreu asfixiado por ter bicado uma bolinha de chiclete vermelha.
Há, neste caso também dois enganos: a
do infeliz passarinho que não distinguiu o chiclete de uma acerola e; o de um andarilho
que deixou acidentalmente (pelo menos assim espero) a armadilha por ali.
Falhas são cometidas o tempo todo,
elas nos levam adiante e nos fazem crescer, algumas podem até ser
interessantes, outras são simplesmente trágicas.
O problema é que a nossa margem para
erros está cada vez menor, pois todos os nossos atos interferem com outras
pessoas em um mundo cada vez mais plugado, interligado, interconectado.
Ou seja, se você espirra no Rio
(poderia ser Baia) de Janeiro alguém pode ficar gripado em Sidney (e do jeito
que a coisa anda pode até ser um canguru).
Então, como diria Gil (que é da Bahia
– e que não tem nada a ver com a Guanabara) “se oriente rapaz” (e moça também),
há muitas bolinhas de chiclete disfarçadas de acerolas por aí.
Remo Noronha
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