Ganhei um grande presente de um grande amigo. O Assueiro indicou um livro porreta e esse conta a história de quando as modificações genéticas ocorridas ao acaso trazem melhoramentos. Imagino que se você é nerd, como eu e o meu amigo, sempre sonhou em ter algum fator genético peculiar, mas... peraí, a ideia é péssima pois tais diferenças genéticas quase que invariavelmente são traduzidas na vida das pessoas como doenças.
Até mesmo quando trazem algo único e admirável tais
modificações podem tornar a vida do super-herói em uma odisseia, como é o caso
do violonista que tinha uma doença impronunciável que tornava suas articulações
absurdamente flexíveis. Então apesar dos inconvenientes diários o gênio era
capaz de performar e produzir notas impensáveis para os mortais.
Como todo mundo vê os tombos e não sabe a cachaça que os
outros bebem era muito mais fácil dizer que a sua habilidade viria de um pacto
faustiano com o infame anjo, caído, da luz. Em resumo, ninguém quis saber quantas
horas dele foram dedicadas ao violino.
Estou no lado oposto dessa trama, do mesmo modo que insisti
em aprender a pegar jacaré apesar de nadar mal pra cacete. O que se resume naquela
velha vocação a autodestruição tão comum aos adolescentes. Na mesma vibe tenho
passado os últimos oito meses tentando aprender a tocar violão, um sonho antigo
que só agora encontrou espaço na minha agenda.
O processo semanal tem sido repetitivo. Nas quintas
assisto a aula do professor Renato e fico encantado com a habilidade que se reflete
na relação dele com o violão e com a gente, afinal ele é violonista como poucos
e gente como a gente.
No dia seguinte é o desespero de tentar reproduzir o
que conseguimos sob a portentosa égide (gastei o latim) do mestre. Depois o aprendizado
de verdade acontece com horas de bunda na cadeira e no caso específico do violão
no contar dos calos nos dedos.
No fim das contas aqui estou eu de novo com a mesma sensação
que tive diante da onda de dez pés que me exigiu nadar de verdade mesmo sem
saber. Hoje o nome dessa onda é Oceano, uma composição fodástica do Djavan.
Sei que posso morrer na travessia, pois amar é um
deserto e seus temores. Mesmo assim lá vou eu habilidade tendendo a zero e
teimosia tendendo a mil sabendo que no fim das contas vou atravessar esse oceano,
mesmo que seja no nado estilo cachorrinho.
Ter um oceano pela frente , é moleza pra quem ja viu fogo, chuva e muito mais , vai que tua...
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