quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

A culpa é do Jimmy

Toda vez que alguém fala sobre isenção eu passo a prestar bastante atenção em qual é a ideologia que essa pessoa professa. Isenção é uma boa desculpa para mascarar fatos inescapáveis. Resumindo: jornalismo isento, juiz imparcial e a mão invisível do mercado são as versões adultas para o Papai Noel e Coelhinho da Páscoa.

Sei que no frigir dos ovos (mexidos é claro) tudo pode cair no fosso da hipocrisia embalado pelos interesses econômicos (quer saber mais sobre política? Não deixe de ler o caderno de economia!). O que foi terrivelmente embalado por uma charge que mostra dois aviões bombardeando uma cidade pobre, porém o que era enviado pelo Governo (Yankee) Republicano tinha uma pintura sóbria, enquanto o Democrata trazia, na fuselagem o símbolo hippie de paz e amor. Mesmo assim a imagem presidencial projetada traria profundas mudanças no quintal deles lá pelo fim dos anos 70.

Um pouco antes disso meu pai dizia que daria cinco anos da vida dele para ver aquele governador (até então quase inexpressivo) a virar presidente. Achei que deveria ser um cara bacana, pois meu velho só largava do jornal quando cada letra havia passado através de seus olhos azuis. Após isso ele bradava: sou ASTRÓLOGO SEI DAS COISAS. Devia mesmo ser assim pois cada uma das previsões se confirmaram.

Não sou isento, pois cada um desses fatos marcaram as nossas vidas. Jimmy correu chão e mudou mundo, o que redundou com a liberdade de meu irmão em 79, a partida de meu pai cinco anos antes de 89 e a impossibilidade de eu terminar o curso de Física na UFF em 84, posto que a grana de minha mãe desapareceu junto com o velho Paulo.

Sabe aquela história de que se uma borboleta bate as asas em Pequim chove em Londres? Pois é, a culpa de eu não ter me formado em física foi do Jimmy. Mesmo assim não tem como não admirar um cara que sabia das coisas, o rapaz que resistiu, pelas suas convicções, a nove anos de cadeia e o democrata que remodelou o mundo com uma mensagem de paz.    

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