Toda vez que alguém fala sobre isenção eu passo a prestar bastante atenção em qual é a ideologia que essa pessoa professa. Isenção é uma boa desculpa para mascarar fatos inescapáveis. Resumindo: jornalismo isento, juiz imparcial e a mão invisível do mercado são as versões adultas para o Papai Noel e Coelhinho da Páscoa.
Sei que no frigir dos ovos (mexidos é claro) tudo pode
cair no fosso da hipocrisia embalado pelos interesses econômicos (quer saber mais
sobre política? Não deixe de ler o caderno de economia!). O que foi
terrivelmente embalado por uma charge que mostra dois aviões bombardeando uma
cidade pobre, porém o que era enviado pelo Governo (Yankee) Republicano tinha
uma pintura sóbria, enquanto o Democrata trazia, na fuselagem o símbolo hippie de
paz e amor. Mesmo assim a imagem presidencial projetada traria profundas
mudanças no quintal deles lá pelo fim dos anos 70.
Um pouco antes disso meu pai dizia que daria cinco
anos da vida dele para ver aquele governador (até então quase inexpressivo) a
virar presidente. Achei que deveria ser um cara bacana, pois meu velho só
largava do jornal quando cada letra havia passado através de seus olhos azuis. Após
isso ele bradava: sou ASTRÓLOGO SEI DAS COISAS. Devia mesmo ser assim pois cada
uma das previsões se confirmaram.
Não sou isento, pois cada um desses fatos marcaram as
nossas vidas. Jimmy correu chão e mudou mundo, o que redundou com a liberdade
de meu irmão em 79, a partida de meu pai cinco anos antes de 89 e a impossibilidade
de eu terminar o curso de Física na UFF em 84, posto que a grana de minha mãe
desapareceu junto com o velho Paulo.
Sabe aquela história de que se uma borboleta bate as
asas em Pequim chove em Londres? Pois é, a culpa de eu não ter me formado em
física foi do Jimmy. Mesmo assim não tem como não admirar um cara que sabia das
coisas, o rapaz que resistiu, pelas suas convicções, a nove anos de cadeia e o
democrata que remodelou o mundo com uma mensagem de paz.
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