quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Velhos baianos e novos amigos

Posições políticas têm me afastado de pessoas que conheço a mais de 50 anos, e tem me trazido novos amigos, para simplificar esta fala vou dizer apenas que não me importo nem um pouco com o que você fez na urna passada. Resumindo, para mim tudo bem se você votou no Satanás encarnado, pois o tal do voto secreto é um bem fundamental da democracia. Afinal, isto evita que eu tenha que votar em quem manda no pedaço, seja um coronel do sertão ou o miliciano de plantão, entretanto, se você faz campanha pelo nazifascismo ou qualquer outra coisa parecida me reservo ao direito de me afastar, pouco importando o que você significaria em minha história.

Dentre esses novos amigos quero contar a conversa que eu tive hoje com um cara genial que toca a vida dando aulas química (Deus me livre) pelo mundo a fora.

Hoje refletimos sobre o desprazer comum que temos ao ouvir o tal do funk carioca, o calote na formatura dos alunos TOP, como ajudar a quem quer estudar e a crise humanitária que afeta nossos representantes originários (como você vê não falta assunto!).

O lance é que é foda dar aulas para sobreviver, desde que um tal Sócrates esculachou os tais dos sofistas que recebiam por dar aula é complicado você ter que explicar que não nasceu em berço de ouro e precisa disso para sobreviver. Além do mais, que antes de ter ideais altaneiros você tem que pagar boletos. Pois é, esse amigo decidiu doar parte do seu trabalho para, pelo menos,  um aluno bolsista como quem colhe uma flor no jardim e percebeu que na verdade estava dando água no deserto.

No décimo de segundo seguinte decidimos debater sobre o alto investimento de ONGs com perfil religioso nas fronteiras do país, e como ele saca muita química pude entender o porquê de o tal do mercúrio ter restrições no transporte aéreo.

A conversa desviou para o calote que os alunos de medicina tomaram, no mesmo tipo de festa onde toca funk.

Ou seja, vou precisar de alguns dias para por minha cabeça doida e doída em ordem, para ultrapassar as conclusões óbvias de que meninos usam azul, meninas usam rosa e indígenas miseráveis usam a própria pele sobre seus ossos secos, que não adianta disponibilizar a obra de Mozart nas favelas do Rio se a realidade que produziu o funk não mudar. Mas principalmente que é difícil pra cacete ele ensinar química e eu física enquanto não houver laboratórios disponíveis nas escolas públicas.

Como diria Mick Jagger “I can get no satisfaction, BUT I TRY”.

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