terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Hermes e Afrodite

Num 8 de março fui convidado para fazer uma palestra para homenagear as mulheres de minha cidade (tudo bem que não nasci lá – mas tenho um título para provar isso – coisa que meu time deixou de me oferecer por um bom tempo). Tive a ideia de repetir o mesmo texto na faculdade próxima e lá fui (quase que) literalmente atacado por fundamentalistas religiosos.

Já usei esse espaço aqui para falar sobre o risco desse tal fundamentalismo, mas me permitam voltar ao assunto. Se você acha que só fundamentalista quem está enrolado em bombas falando uma língua estanha, por favor compreenda o que digo. É fundamentalista quem: 1 - não compreende que os ensinamentos espirituais são metafóricos, tomando as palavras ao pé da letra; e 2 – não admite que outra pessoa divirja de suas óticas espirituais estabelecendo que só seu caminho é válido.

Outro ponto ao se falar sobre mulheres é o tal do lugar de fala. Quanto a isso deixe me estabelecer duas linhas de defesa: 1 – falo sobre as mulheres como profundo admirador; e 2 – sou um convicto portador de uma ânima.

Ou seja, já passei daquela fase em que dizia que meu lado feminino é zagueiro do Madureira. Até porque o lugar de uma mulher é onde quer que ela queira estar, incluindo a zaga do Madureira.

Tudo isso reaparece em uma terça de carnaval, dia em que estaria pronto a ser agarrado pelos amigos que passam no bloco das piranhas, o que também já virou tradição. Como estou longe, decidi mandar um vídeo mega hilário para um deles, no qual um cara se fantasiou de terno, porém ao virar de costas exibe nada mais que um fio dental atochado em um monte de pelos do bumbum.

Recebo a resposta com um áudio perguntado se eu tinha passado por lá, explico que estou milhas e milhas distante. Outro áudio replica que ele havia sonhado que eu o chamava no portão, coincidência apenas, justo quando minha mensagem chegou.

Coincidência não! Conexão, sincronicidade.

É o encontro de amigos: do velho e do novo, do self com o ego e a possibilidade do reencontro das afinidades e do abrandamento das oposições.

Enfim, espero que você pule muito no carnaval, tenha as catarses que quiser, mas beba água entre uma cerveja e outra e ainda que faça seus encontros entre Hermes e Afrodite. Se possível leve a metáfora para o resto do ano.

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