Tendo lecionado física por anos a fio, tenho guardado em meu acervo uma série de piadas de nerd. Coisas como: “Por qual motivo não adianta um míope usar óculos para ir a um zoológico?”... pausa interminável... “porque usa óculos com lentes divergentes, e não de ver bichos.”
Na última vez que mandei essa, foi em um pré-vestibular. Lá recebi uma pergunta engatilhada e inusitada: “Por falar nisso prof., como você conseguiu ser bem-sucedido sendo tão neuro divergente?
Bem que eu poderia ter, naquele momento, uma resposta interessante. Ao invés disso apenas chorei... de tanto rir.
Quando eu mesmo era aluno (estou proibido de usar a expressão: no meu tempo), não era muito comum esse (ou qualquer outro diagnóstico). Logicamente é necessário que possamos refinar nosso autoconhecimento, assim como está gravado em pedra no templo de Apolo, sob a máxima de conhece a ti mesmo.
O lado positivo dessa confusão é que a gente simplesmente tocava a vida em frente, mesmo sem saber o sabor das massas e das maças. Durante o preparatório que mais tarde me levou a ser cadete do Corpo de Bombeiros a máxima era outra: não pare para filosofar, todo tempo deve ser usado para os estudos.
Refletindo com calma deveria ter dito a aluna que o que nos salva é o afeto, pois olhando de perto ninguém é normal, seja lá o que isso for (lembrando que coisas estranhíssimas já foram consideradas normais, cito apenas ser escravocrata). Enfim se você é agitado, teimoso, ansioso, habitante do mundo da Lua, esquecido, mal enjambrado ou alucinadamente focado em algo que todas as outras pessoas consideram inútil pega uma senha para entrar no meu time. Nele encontre quem goste de você, começando por você mesmo.