sábado, 25 de outubro de 2025

Cocô de grilo

Parece que dizes te amo, Maria; assim descreve uma linda canção a imagem da amada. Como se trata de um momento ido basta por uns grilos na caixa que o tal retrato parecerá envelhecido. Espero que você não saiba disso: alguns relacionamentos envelhecem além do relógio.

Um bom exemplo é o texto que você está lendo bem agora. Grilos na caixa não são mais necessários para mudar fotos ou documentos. Desde que não sejam grilos na cuca (gíria que também envelheceu mal). Enfim, grilos para a cabeça e documentos físicos ainda são necessários. IA para o que for virtual resolve bem.

O digo com certa tranquilidade, pois a IA já traz embutida alguns grilos. O primeiro contato que tive com a expressão foi com um (lindo) filme que reproduzia a saga de Pinóquio. Aqui o grilo já cantava nos livros de Asimov: será que que os robôs vão ser mais humanos que nós?

Outro grilo é a quantidade de energia e água que se gasta para simular um retrato em branco e preto. Temos um planeta só, que apesar de ser grande o suficiente para que alguns incautos possam até pensarem que a curvatura é plana, tem dimensões e recursos limitados. Então, não se iludam: Marte pode parecer estar bem ali, mas os nossos intestinos não se agradam muito da viagem, pelo menos por enquanto.

O grilo derradeiro, ao menos nesse texto, parece com aquele trabalho de escola feito pelos pais. O que tempera a farsa na qual a escola finge que paga os professores, esses fingem que ensinam aos alunos que fingem que aprendem, para os pais fingirem que estão satisfeitos.

Fica o questionamento: por que raios estou escrevendo se uma IA o faz melhor? A resposta é a mesma quando pergunto o motivo de tocar violão se existe um tal de Baden Powell. Ou seja, não há uma resposta, pelo menos para mim. Não tenho ideia da razão de aceitar tantos calos nos dedos. Mesmo assim pego emprestadas as palavras da Cecília e canto porque o momento existe.

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