Um era de direita e sabia o valor do trabalho, um dia disse: “por favor uma esmola para um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”.
O outro era de esquerda e sabia o valor do trabalho,
um dia disse: “um homem se humilha se castram seu sonho, seu sonho é sua vida e
a vida é o trabalho e sem o seu trabalho um homem não tem honra...”
O, O, O, E, E, A. O moleque pôs as pernas no mundo,
que era o seu lugar, já naquele tempo estava bem difícil a convivência entre
aqueles que pensavam diferente.
E a dor da separação parecia inconciliável, como está
acontecendo tanto por aí.
Mesmo assim de um jeito improvável a música os uniu
novamente pela vontade de andar por esse país, só pra ver se um dia pudesse ser
um dia feliz.
Já naquele tempo, bastava ter um pouquinho de visão para
saber que não haveria trabalho para todos. E não adiantava muito fazer um curso
de datilografia, pois logo os datilógrafos seriam descartados.
O que diriam hoje? Há gol, há algo, há ritmo, há
algoritmo. E cada vez menos trabalho.
O que fazer nesse novo baralho onde quem não é rei logo
será descartado?
Talvez, tão sagrado como tudo seja a vida e o
reencontro.
A história é essa, não sei como poderia ser contada
hoje, mas seja como for respeite Januário.
Não deixo de me surpreender com a criatividade, cultura e sensibilidade desse escritor e poeta...
ResponderExcluirMuito obrigado
Excluir